Coronavírus deverá causar a maior queda anual das emissões de CO2

A pandemia do coronavírus continua a atingir o globo, afetando e matando milhares de pessoas, e prejudicando de uma forma assustadora o normal funcionamento das sociedades. Isto tem levado a uma diminuição na emissão de carbono para a atmosfera. Contamos-lhe mais aqui!

Coronavírus emissões carbono
A pandemia do coronavírus fez com que diminuíssem as emissões globais de carbono para a atmosfera, verificando-se a maior queda alguma vez registada.

Um dos grandes indicadores do vasto impacto da pandemia é o efeito que tem no consumo de combustíveis fósseis e nas emissões de dióxido de carbono. Se tomarmos como base os dados preliminares de algumas das maiores economias mundiais, as emissões estão a cair a pique, ainda que temporariamente.

As emissões globais de carbono da indústria de combustíveis fósseis deverão cair, atingindo um recorde de 2,5 biliões de toneladas este ano, uma redução de 5%. A pandemia do coronavírus desencadeia assim a maior queda alguma vez registada na procura de combustíveis fósseis.

As análises elaboradas pelo “Carbon Brief” mostram que a crise reduziu temporariamente as emissões de CO2 na China em 25%, com as emissões abaixo do normal mais de dois meses após o país entrar em confinamento. Como a nível global se aponta para uma queda de 5% nas emissões globais de carbono, a crise do coronavírus deve desencadear este ano a maior queda anual de emissões de CO2 , mais do que durante qualquer crise económica ou período de guerra anterior.

Dr. Fatih Birol, chefe da Agência Internacional de Energia, alertou para o facto do declínio acentuado nas emissões de combustíveis fósseis ser visto como um triunfo climático, referindo que este declínio deve-se ao colapso económico em que milhares de pessoas estão a perder os seus meios de subsistência, e não como resultado das decisões corretas dos governos em termos de políticas climáticas.

Causas da queda das emissões de carbono

A análise de combustíveis fósseis realizada pela Rystad Energy, uma consultadoria norueguesa de energia, constatou que uma forte contração no PIB e a interrupção abrupta de vôos e de circulação rodoviária, pode ter dado origem a que a procura mundial de petróleo caísse mais de cinco vezes do que a queda desencadeada pela crise financeira global de 2008.

Estrada vazia
A diminuição acentuada da circulação rodoviária bem como a interrupção abrupta de vôos provocou uma diminuição na procura mundial do petróleo.

Os analistas estimam que a procura por petróleo cairá, em média, 11 milhões de barris de petróleo por dia este ano, ou 4 biliões de barris no total. Só isso reduziria 1,8 bilião de toneladas de emissões de CO2 para a atmosfera.

Os analistas também esperam que uma queda no uso de eletricidade e na indústria pesada reduza a procura de gás e carvão em cerca de 2,3% cada, diminuindo as emissões de carbono de cada combustível fóssil em 200 milhões de toneladas e 500 milhões de toneladas, respetivamente.

Aquecimento global

Segundo um dos sócios da Rystad Energy, a pandemia de coronavírus é um evento sem precedentes para os mercados de energia, que terá um impacto substancial nas emissões totais de carbono do mundo. De qualquer forma, os especialistas dizem que, caso os governos não comecem a adotar políticas que integrem energias mais limpas, esta situação não vai durar muito tempo.

O recorde da queda da emissão de carbono este ano, ainda será muito baixo para se alcançar o limite de temperatura global de 1,5 °C. As emissões globais precisariam de cair cerca de 7,6% a cada ano, nesta década, para limitar o aquecimento a menos de 1,5 °C acima das temperaturas pré-industriais.