Planeta em alerta: seis das nove fronteiras ambientais planetárias já foram violadas

Seis das nove componentes ambientais responsáveis por tornar o meio ambiente habitável foram violadas e operam em estado de alto risco. Isto sinaliza que o planeta está à beira de um colapso.

Planeta em alerta: Seis das nove fronteiras ambientais planetárias já foram violadas
Seis das nove componentes ambientais responsáveis por tornar o planeta habitável foram violadas, o que sinaliza que estamos à beira de um colapso.

Nos últimos 3 biliões de anos, a interação entre os seres vivos e o clima controlou as condições ambientais de todo o planeta. Mesmo quando falamos apenas dos seres humanos, a nossa atividade sempre causou impactos significativos no planeta.

A substituição de florestas por quintas e cidades, a alteração da água nos rios e solos, a introdução de produtos sintéticos no meio ambiente e a emissão de poluentes na atmosfera são maneiras com as quais os seres humanos interagem com o planeta.

Para que estas atividades humanas não desencadeiem mudanças drásticas no meio ambiente e no clima, as interações com o planeta precisam de ser respeitadas e mantidas dentro de limiares aceitáveis.

No entanto, um novo estudo publicado no mês passado na Science Advances mostra que, infelizmente, isto não é bem o que está a acontecer: estamos à beira de um colapso.

As nove fronteiras planetárias

O estudo identificou nove fronteiras ou limiares planetários, que representam componentes do ambiente global responsáveis por regular a habitabilidade do planeta. De uma maneira simples, quanto mais violados os componentes forem, mais inóspito o planeta se tornará para nós.

Estado atual das nove fronteiras planetárias.
Estado atual das nove fronteiras planetárias mostra que seis componentes já ultrapassaram o limite seguro de operação, que é representado pela cor verde. Imagem: Katherine Richardson et al., 2023.

Quando um componente ultrapassa o limite seguro de operação (a fronteira planetária), torna-se um risco que pode comprometer a sobrevivência dos seres humanos.

E infelizmente, de acordo com o estudo, seis dos nove componentes listados já estouraram o limite seguro de operação. São eles:

  • Introdução de compostos novos (sintéticos) no meio ambiente;
  • Alterações climáticas: concentração de CO2 e forçante radiativa da atmosfera;
  • Integridade da biosfera: fatores genéticos e funcionais;
  • Mudanças nos sistemas florestais de todo o planeta;
  • Mudanças na água fresca disponível: no solo, subsolo e nas plantas;
  • Fluxo bioquímico: Fluxos de Nitrogénio (N) e Fósforo (P).

Os três componentes que ainda estão a operar dentro do limiar seguro são:

  • Acidificação dos oceanos;
  • Destruição do ozono na estratosfera;
  • Deposição de aerossóis na atmosfera;

Cruzar uma fronteira planetária, por si só, não significa que haverá um desastre. Mas é um sinal de alerta. É quase como se estivéssemos a medir a pressão arterial do planeta: uma pressão acima de 12/8 não é garantia de um ataque cardíaco, mas aumenta consideravelmente o risco de um.

Os resultados deste estudo realçam a importância de se desenvolver modelos capazes de analisar a interação entre diferentes fronteiras planetárias, que não se restrinjam apenas às alterações climáticas.

E, claro, o estudo também mostra que é urgente limitar os nossos impactos no meio ambiente se não quisermos que a Terra sofra um ataque cardíaco. Precisamos agir, e rápido.