O Mediterrâneo tornar-se-á quente demais para os turistas?

O aumento do calor nos países mediterrâneos está a tornar a tradicional temporada de férias nas praias, no final de julho e agosto, insustentável para muitos europeus do Norte. Saiba mais aqui!

Amalfi; Mediterrâneo; temperaturas elevadas
As noites tropicais, onde a temperatura não desce abaixo de 20ºC, estão a aumentar e são um reconhecido perigo para a saúde.

As alterações climáticas têm um lado positivo: as praias e os resorts do interior, que costumavam ser muito frios na primavera e no outono, agora têm uma temperatura agradável.

Os investigadores espanhóis estão preocupados com o desenvolvimento dos danos na sua principal fonte turística e propõem que a temporada alta de férias seja transferida de agosto para junho e setembro para que se possa fazer frente a esta nova realidade climática. Mais tarde, ainda neste século, esta precisará de ser alterada novamente.

Para muitos idosos, essas mudanças já são uma realidade. Os reformados britânicos, escandinavos e alemães estão a considerar as temperaturas da primavera e do outono muito mais confortáveis, na Grécia, Espanha e Itália.

Esta mudança já estava prevista desde 2010

Um estudo publicado em 2010 concluiu que a região do Mediterrâneo ficaria "quente demais" para o conforto do turista, no pico do verão, em 2020 ou 2030. Esta conclusão foi alcançada com base num inquérito entre 850 estudantes universitários e nas previsões climáticas.

As conclusões deste estudo foram feitas com base num inquérito que continha as projeções climáticas para o século XXI e que contou com respostas de estudantes que viviam em países mais frios e que costumam eleger a região do Mediterrâneo como destino de férias.

Ou seja, no início do século, sob o cenário de temperatura mais quente disponível, nenhuma praia ou destino urbano se tornou inaceitavelmente quente. A meio do século, as condições térmicas para duas praias e um destino urbano tornaram-se “muito quentes”, durante os meses de pico do verão.

No cenário do final do século, vários, mas não todos, os destinos foram considerados como excedendo os limiares declarados “inaceitavelmente quentes”, nos meses de verão. No entanto, dado este período e o potencial para os viajantes do Norte da Europa se adaptarem a temperaturas médias mais altas em casa, permaneceu incerto se o limite de conforto térmico, identificado por esta amostra, iria persistir.

Um importante ponto de contraste é que, ao mesmo tempo, há uma diminuição no número de meses considerados “inaceitavelmente frios” tanto para férias na praia, como nas cidades e um aumento nos meses que se tornam “ideais”.

Os resultados tiveram implicações importantes para a avaliação do impacto das alterações climáticas na área de estudo e outros destinos de forma mais ampla, e podem ser utilizados para aperfeiçoar modelos destinados a prever a influência destas alterações nos padrões geográficos e temporais do turismo internacional.