Influência das condições meteorológicas no desencadeamento de enxaquecas
O calor e a humidade intensos no verão podem desencadear ou agravar cefaleias e enxaquecas, envolvendo mecanismos como desidratação, variação da pressão atmosférica e exposição à luz intensa. Saiba mais aqui!

A ocorrência de cefaleias, incluindo as enxaquecas, tende a aumentar durante os meses de verão em regiões com temperaturas elevadas e altos índices de humidade relativa do ar.
Esse fenómeno é relatado tanto por pacientes quanto por profissionais de saúde, e estudos recentes têm procurado compreender as bases fisiopatológicas e epidemiológicas dessa associação.
Mecanismos relacionados ao calor e à desidratação
A exposição prolongada ao calor leva ao aumento da sudorese, o que provoca perda de água e eletrólitos essenciais, como sódio e potássio.
A desidratação resultante pode causar alterações na osmolaridade plasmática e reduzir o volume sanguíneo circulante.
Tais mudanças podem sensibilizar estruturas neurais relacionadas à dor, especialmente o sistema trigeminovascular, frequentemente implicado na fisiopatologia da enxaqueca.
Um estudo da Universidade de Cincinnati observou que um aumento de 5,5 °C na temperatura ambiental está associado a um crescimento de cerca de 6% na incidência de atendimentos hospitalares por cefaleia.
O papel da humidade e da pressão atmosférica
A humidade elevada potencia a dificuldade de dissipação do calor corporal, agravando a desidratação e aumentando o stress térmico.
Além disso, variações rápidas na pressão atmosférica, comuns durante tempestades de verão, têm sido associadas a crises de enxaqueca em indivíduos suscetíveis.
Uma investigação publicada no Journal of Headache and Pain analisou dados meteorológicos e registos médicos, concluindo que um aumento de 26,5% na humidade esteve correlacionado a uma probabilidade 28% maior de ocorrência de enxaqueca, especialmente nos períodos mais quentes do ano.
A influência da luz solar intensa
A fotofobia é um sintoma frequente em pacientes com enxaqueca.
A exposição à luz solar intensa pode provocar hiperexcitabilidade do córtex visual e ativar vias nocicetivas.
Esse estímulo excessivo, somado a outros fatores ambientais, aumenta a probabilidade de desencadear crises.
Embora o relato de pacientes sobre a influência do clima seja consistente, a literatura científica apresenta resultados mistos.
Parte dos estudos confirma correlações significativas, enquanto outros não encontram associação estatisticamente relevante. Esta discrepância pode estar relacionada a diferenças individuais na sensibilidade ao clima, à presença de comorbidades e à variação geográfica das condições meteorológicas.
A identificação de padrões meteorológicos como possíveis desencadeadores de cefaleias tem relevância para a prevenção. A utilização de diários de cefaleia, nos quais o paciente regista dados sobre sintomas e condições climáticas, pode auxiliar na personalização das estratégias preventivas.

No entanto é necessária a hidratação adequada com reposição de eletrólitos, a proteção contra a luz solar com óculos escuros e chapéus. Deve evitar exposição em horários de maior calor (normalmente entre 10h e 16h) e a utilização de climatização para reduzir o stress térmico.
O aumento da incidência de cefaleias e enxaquecas durante períodos de humidade elevados é plausível à luz dos mecanismos fisiopatológicos conhecidos, embora a intensidade dessa relação varie entre indivíduos.
Estudos longitudinais com controle rigoroso de variáveis ambientais e individuais ainda são necessários para quantificar com precisão o impacto do clima nas cefaleias.
Enquanto isso, estratégias de prevenção baseadas em modificação de hábitos e monitorização pessoal podem contribuir para a redução do número e da intensidade das crises durante o verão.