Estudo usa imagens de satélite para acompanhar os rastos deixados pelos rios atmosféricos

Estes sistemas meteorológicos têm sido analisados há décadas com o objetivo de obter uma melhor representação dos mesmos. Desta forma, é possível fornecer projeções mais precisas de precipitação.

Imagem de satélite de rios atmosféricos
Os resultados do estudo podem ajudar a melhorar as previsões de precipitação quando um rio atmosférico se aproxima do país. Foto: NASA.

Os rios atmosféricos são corredores de nuvens que carregam uma grande quantidade de humidade na atmosfera.

Estes sistemas meteorológicos são os principais protagonistas de eventos extremos de precipitação, principalmente nos setores costeiros e nos sopés de montanhas.

A deteção de rios atmosféricos em observações de satélite tem sido uma tarefa extremamente desafiadora há muito tempo, devido à falta de informações sobre uma variável meteorológica: o vento.

Para aprofundar este tema, um novo estudo apresentou resultados onde obtiveram uma aproximação do campo de vento tridimensional (3D) com base na distribuição espacial da temperatura detetada pelos satélites.

Combinando os dados de vento em 3D com a humidade observada por satélite, a equipa de investigação criou, pela primeira vez, um método para detetar rios atmosféricos através de observações de satélite.

Melhores previsões dos rios atmosféricos

Já há algum tempo, os cientistas notaram que apenas as informações de simulações de modelos numéricos eram utilizadas para a análise dos rios atmosféricos.

Inundação, transbordamento de rio, casas inundadas
O novo método fornece uma imagem mais precisa dos eventos extremos de precipitação iminentes em todo o mundo.

O uso de imagens de satélite teria proporcionado uma visão global – e em tempo real – dos rios atmosféricos com base apenas em observações, já que isto é o mais desejável.

No entanto, como já mencionamos, tal informação estava fora de alcance devido à falta de dados de vento que correspondessem ao que estava a acontecer na atmosfera.

Utilizando um novo método para aproximar dados de vento 3D através de satélites, os cientistas podem detetar automaticamente rios atmosféricos a partir de observações de satélite. Como resultado, geraram um conjunto de dados de referência para quase todo o globo.

Da mesma forma, a avaliação apresentada no estudo dos dados de rios atmosféricos mostra que as reanálises sobrevalorizam a frequência da precipitação produzida nos rios atmosféricos, e subestimam a sua intensidade.

Esquema de rios atmosféricos
O algoritmo apresentado no estudo combina o campo de humidade com informações de vento; dois fatores-chave que definem os rios atmosféricos. Fonte: Direção Meteorológica do Chile (DMC).

É importante ressaltar que a equipa de investigação desenvolveu um algoritmo de deteção de rios atmosféricos à escala quase global, que incorpora informações 3D do vento a partir de observações de satélite.

Ao aplicar este novo conjunto de dados como ponto de referência, os cientistas estão a conhecer os pontos fracos das análises anteriores, como por exemplo, a amplitude destes sistemas meteorológicos.

Além disso, estas descobertas podem ajudar a melhorar a representação dos rios atmosféricos e da precipitação associada, tanto em reanálises quanto em modelos de previsão do tempo.

À medida que a qualidade das observações de satélite continua a melhorar, a metodologia apresentada no estudo pode ser utilizada noutras aplicações de informações de satélite para desenvolver estatísticas de rios atmosféricos, seja na sua resolução ou na sua frequência.

Referência da notícia:
Ma, W. et al. Evaluating the representations of atmospheric rivers and their associated precipitation in reanalyses with satellite observations. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, 128, 2023.