Descoberto em Espanha o crânio de estegossauro mais completo da Europa

Descoberta considerada rara de crânio de estegossauro, um dinossauro que habitou entre o Jurássico e o Cratáceo, feita em Espanha abre uma nova perspetiva sobre a teoria evolutiva desta espécie. Saiba mais pormenores neste artigo!

Os estegossauros eram grandes herbívoros quadrupedes que habitaram a Terra entre o Jurássico Médio e o Cretáceo Superior.

Paleontólogos da Fundação Paleontológica Teruel-Dinópolis fizeram uma importante descoberta que foi publicada na renomada revista científica Vertebrate Zoology. Conseguiram descrever uma parte de um crânio de um estegossauro encontrado na cidade de Riodeva, em Teruel, Espanha, e propuseram uma nova teoria sobre a evolução destes dinossauros com placas ósseas e espinhos.

Os estegossauros eram dinossauros herbívoros quadrupedes que se alimentavam de plantas, e usavam os seus dentes adaptados para mastigar folhagens.

Eram uma das espécies mais emblemáticas do grupo dos estegossaurídeos e um dos dinossauros mais facilmente conhecidos em todo o mundo, principalmente devido às suas grandes placas ósseas eretas ao longo do dorso e à cauda armada com espinhos.

Os fósseis de estegossauros são importantes para os paleontólogos, uma vez que ajudam a entender a evolução dos dinossauros herbívoros e as suas adaptações ao longo do tempo. Os estegossauros tiveram uma grande diversidade e distribuição geográfica, habitando regiões que hoje correspondem à Europa, África, América do Norte e Ásia.

Os primeiros registos fósseis foram descobertos na década de 1870, no estado do Colorado, nos Estados Unidos da América. O paleontólogo Othniel Charles Marsh descreveu a primeira espécie em 1875. Desde então, foram encontrados muitos outros fósseis, incluindo esqueletos parciais de jovens e adultos noutros estados americanos e em Portugal.

Esta descoberta é considerada como de grande importância para o mundo da paleontologia.

Os estegossauros são conhecidos pelo menos desde o Jurássico Médio até possivelmente ao Cretáceo Superior em sedimentos de quase todo o mundo, mas principalmente representados por esqueletos parciais únicos.

Porém o registo fóssil de material craniano de estegossauros é notavelmente fragmentário e escasso, quase metade das descobertas atuais válidas não preservam material craniano, o que representa um problema crítico para a compreensão da relação evolutiva destes animais, bem como de seu papel ecológico.

Uma descoberta considerada extraordinária

Durante escavações feitas pela Fundação Dinópolis num local chamado “Están de Colón”, foram encontrados os fósseis desta espécie, localizados em sedimentos da Formação Villar del Arzobispo, datados do período Jurássico Superior, há cerca de 150 milhões de anos.

O crânio descoberto é o mais bem preservado já encontrado na Europa e foi identificado como pertencente à espécie Dacentrurus armatus.

Os estegossauros alimentavam-se sobretudo de folhagens e tinham uma grande distribuição geográfica, desde a Europa, África, América do Norte e Ásia.

Uma vez que esta espécie de dinossauro foi descrita pela primeira vez há quase 150 anos, esta descoberta reveste-se de grande importância, por forma a melhor entender a evolução do crânio destes animais, já que fósseis de crânios de dinossauro são raros de encontrar devido à fragilidade dos ossos.

“O exame detalhado deste fóssil excepcional permitiu-nos descobrir aspetos até então desconhecidos da anatomia do Dacentrurus armatus, que é considerado o estegossauro mais representativo da Europa”.

Sergio Sánchez Fenollosa, investigador da Fundação Dinópolis e coautor do estudo.

Além do estudo anatómico, os investigadores propuseram uma nova hipótese que altera a compreensão das relações evolutivas dos estegossauros ao redor do mundo. Como resultado, foi criado um novo grupo chamado Neostegosauria.

De acordo com os autores, esse novo grupo inclui estegossauros de porte médio a grande, que divergiram mais tarde na história evolutiva, e que habitaram pelo menos a África, Europa, América do Norte e Ásia durante diferentes períodos do Jurássico e do Cretáceo.

Um momento único para estudar o papel ecológico destes animais

Alberto Cobos, diretor-geral da Fundação Dinópolis e coautor do estudo, comentou que “a combinação de estudar um fóssil tão raro e propor uma nova teoria evolutiva coloca essa investigação como uma referência mundial no estudo dos estegossauros”.

A área de Riodeva continua a ser alvo de novas investigações e ainda guarda muitos fósseis importantes, incluindo partes do corpo além do crânio, de um indivíduo adulto, além de restos de dinossauros jovens, uma descoberta considerada bastante incomum nesse tipo de animal.

Estas descobertas ajudam a ampliar o conhecimento sobre a história da vida na Terra e fazem de Teruel uma região de destaque na paleontologia.


Referência da notícia

Sánchez-Fenollosa, S., Cobos, A. (2025). New insights into the phylogeny and skull evolution of stegosaurian dinosaurs: An extraordinary cranium from the European Late Jurassic. Vertebrate Zoology.