Ciclones tropicais tornaram-se mais destrutivos nos últimos 40 anos

Nas últimas quatro décadas, houve uma maior frequência de ciclones tropicais. Esta afirmação é feita com base num estudo que confirma a teoria de que o aumento da temperatura dos oceanos resulta em ciclones mais perigosos. Saiba mais aqui!

Ciclone tropical
A análise dos registos de satélite, de 1979 a 2017, mostrou um aumento dos ciclones mais destrutivos, ou seja, com ventos superiores a 185 km/h.

A Austrália situa-se ao longo de duas bacias oceânicas onde os ciclones se formam - sul do Oceano Índico e sul do Oceano Pacífico - e onde o estudo identificou tendências crescentes destas tempestades mais destrutivas. Os especialistas disseram ao Guardian Australia que esta descoberta vai ao encontro das previsões dos modelos climáticos e do conhecimento de que o aumento da temperatura do oceano deu mais energia às tempestades tropicais.

Este estudo confirma o que os modelos climáticos têm vindo a prever há algum tempo - que a proporção das tempestades mais severas aumentará à medida que o clima aquecer.

Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo foi realizado por cientistas da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos EUA.

Os cientistas afirmam que as tendências verificadas são consistentes com os modelos climáticos e que esta descoberta "aumenta a confiança de que os ciclones tropicais se tornaram substancialmente mais fortes e que há uma provável interferência humana neste aumento”. A probabilidade de um ciclone atingir velocidades de vento superiores a 185 km/h aumentou cerca de 15% nos 39 anos estudados.

O estudo

Para além de analisar o número de ciclones globais, este estudo também analisou as alterações na intensidade do ciclone, por região. O sul do Oceano Índico e do Oceano Pacífico mostraram um aumento no número de tempestades mais intensas, embora as tendências de cada região não tenham sido tão relevantes, devido ao menor número de ciclones (menos ciclones, mas mais intensos).

O cientista Hamish Ramsay frisa que, para além de aumentar a velocidade do vento nos ciclones, o aquecimento dos oceanos também deverá ter efeito na quantidade de precipitação dos mesmos. No Relatório do Estado do Clima da Austrália, de 2018, é possível perceber que, desde 1982, havia uma tendência de queda no número de ciclones tropicais na região australiana, mas não era possível ver nenhuma tendência sobre a intensidade destas tempestades.

O Dr. Greg Holland, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas, do Colorado, estuda ciclones há cerca de 40 anos e diz que, apesar de haver argumentos legítimos sobre estas tendências, em relação aos ciclones tropicais: "O trabalho aponta na mesma direção - a proporção dos ciclones mais intensos está a subir". Frisa, ainda, que “quando o oceano aquece, a intensidade dos ciclones aumenta. Isso representa um aumento de 5% ou 10% na força dos ventos para cada 1ºC de aquecimento no oceano.”