Atmosfera: a guardiã do clima da Terra

O sistema climático é um dinâmico mecanismo interativo, alimentado pela energia radiante proveniente do Sol. Porém, um conjunto de outros fatores influem igualmente no equilíbrio do clima do planeta. Saiba mais aqui sobre alterações climáticas.

A água é a substância mais abundante dentro e fora do Homem, 71% do planeta é coberto por água, 60% do corpo humano é composto por água.

A geocronologia aponta para 4.6 giga anos, como sendo a idade aproximada do planeta Terra, após a fase bola de fogo e o longo período de gradativo arrefecimento, em que foram expelidos do seu interior gases e vapor de água, criando uma tóxica proto-atmosfera. Um contexto cronológico de lenta condensação e acumulação de vapor de água, combinadas com elevadas temperaturas, fez surgir as primeiras chuvas que durante milhares de anos formaram primitivos oceanos.

Um turbulento cenário de co-criação, em que a intervenção de raios e relâmpagos potenciaram inúmeras reações químicas, permitindo que numa lenta cronologia temporal, o planeta fosse sendo envolvido por uma conturbada e primitiva atmosfera, com elevadíssima temperatura, ausência de oxigénio, predominando metano, dióxido de carbono, azoto, amónia, sulfetos e cianeto. Uma jovem vida pautada de contínuas transformações físicas, na qual peculiarmente, algures há cerca de 3.5 mil milhões de anos, surgiu a primeira forma de vida microbiana, e um gigantesco salto evolutivo na escala temporal, possibilitou o surgimento da espécie humana (mamíferos na ordem dos primatas), há apenas 13 milhões de anos.

A resenha temporal e evolutiva que narra a vida do planeta, faz-se acompanhar da construção da camada transparente e protetora que o envolve, um reservatório de componentes químicos utilizados pelos seres vivos, que deixa passar a luz do Sol, retendo parte da energia que essa luz transporta, criando um efeito de estufa que tem vindo a possibilitar, temporal e espacialmente, uma constante e natural variabilidade climática. Assim, alterações nos parâmetros meteorológicos do clima terrestre, foram-se verificando ao longo dos tempos, com maior ou menor intensidade e efeitos, pois fazem parte da dinâmica que regenera a vida do planeta.

As paradigmáticas alterações no clima do planeta

A epopeia do clima do planeta, pode ser asseverada por indícios nas bolhas de ar aprisionadas nas calotes polares, que apontam para quatro distintos ciclos climáticos ocorridos nos últimos 400 mil anos, oscilando entre períodos glaciares e interglaciares. Vivenciamos um período interglaciar, tendo o último ocorrido há cerca de 120 mil anos, esse com valores de temperatura acima das atuais. Os registos meteorológicos apontam para um aumento entre 5 a 6 ºC nos valores das temperaturas, num paralelismo comparativo com o verificado há apenas 20 mil anos atrás, no último período glaciar.

Refira-se a complexidade que envolve o sistema terrestre - atmosfera, litosfera, criosfera, oceano - explica os cerca de 10 mil anos que o planeta demorou a voltar a aquecer e a entrar no período interglaciar (Holoceno). Considere-se que 71% do planeta é ocupado por água, onde é absorvida 94% da radiação solar, e o dimensionar desta energia é percetível no derretimento do gelo, que começa a ser dissolvido por baixo e depois a temperatura do ar (efeito de estufa), vai derretendo-o por cima. O que fazer face ao “poder destrutivo” do oceano? Projetar a sua evaporação?

O conceptualismo extremista como solução?

São diferentes e controversas as visões acerca da problemática do clima do planeta, sendo fulcral considerar que se trata de um complexo sistema sujeito à atuação de forcings como o uso da terra, o albedo, a variação da radiação solar, o comportamento e interatividade dos gases que compõem o efeito de estufa, os aerossóis tropo e estratosféricos, as fissuras na crusta por onde emana CO₂ inorgânico, os ciclos de atividade solar, os processos tectónicos, os ciclos biogeoquímicos, fatores que se correlacionam diretamente na variação da temperatura, e por inerência nos padrões climáticos do planeta.

Efeitos da intensidade e frequência dos FME, poderá ser tanto menor, quando maior for a noção de adaptabilidade e suscetibilidade ao risco.

Efetivamente, apesar de não generalizada, tem-se verificado uma aceleração no aumento de temperatura, deparando-nos com o delicado paradigma natural versus antropogénico. Contudo, referir que, há cerca de 100 milhões de anos atrás, a temperatura era entre 20 a 40°C mais quente nas regiões polares, apesar de estar somente alguns graus mais quente ao redor do equador, um período em que os níveis de concentração de CO₂ estavam 4 a 6 vezes superiores aos pré-industriais.

Alterações no clima do planeta continuarão a ocorrer natural e automaticamente, sempre que o sistema terrestre o necessite. A força física ou cognitiva da humanidade não possui poder ou dimensão para mudar uma dinâmica, onde atuam trocas de energia essenciais e indomáveis. O Homem é um parasita numa equação cujo resultado pode ser tão menos nocivo para si, quanto menos se predispuser aos inevitáveis efeitos da incógnita que personifica a nuance climática.

Mesmo sem a existência de vida humana no planeta, alterações no clima continuariam a ocorrer ciclicamente. Advogar posições políticas, fomentar movimentos organizados da sociedade civil não impede o inevitável. O desafio da humanidade face ao clima, reside em alterar os paradigmas de desenvolvimento socioeconómico, considerando as externalidades ambientais, sem fundamentalismos e falsas idolatrias. Começar por diminuir o desperdício, e desacelerar a vilipendia da cultura consumista, contribuirá para mitigar o impacte da nossa existência na Terra.