Poeira lunar é menos tóxica para os humanos do que a poluição terrestre, sugere um novo estudo
Após alguns testes de exposição, o estudo indicou que células pulmonares humanas foram mais danificadas por partículas atmosféricas poluentes do que por partículas da poeira lunar. Perceba melhor aqui.

A poeira lunar, também conhecida como regolito, é composta principalmente por partículas finas de rochas e minerais, resultantes de biliões de anos de impactos de micrometeoritos na superfície da Lua.
E uma das preocupações das missões espaciais para o nosso satélite natural é precisamente esta poeira, já que pode causar problemas respiratórios nos astronautas, pois irrita a pele e os pulmões.
Mas o quão mal faria ao nosso pulmão? Um novo estudo feito por investigadores australianos e publicado na revista Life Sciences in Space Research dá a resposta. Segundo os autores, a poeira lunar é provavelmente muito menos perigosa do que se pensava anteriormente e, na verdade, pode até ser menos prejudicial para os humanos do que a poluição atmosférica terrestre (ou poeira terrestre, como chamaremos daqui para a frente).
A poeira lunar não é tão prejudicial como imaginávamos
Para o estudo, os investigadores colocaram células pulmonares humanas, mais especificamente da parte dos brônquios e alvéolos pulmonares, em dois novos simuladores de poeira lunar, o LMS-1 (que replica a poeira de regiões de mares) e o LHS-1 (replica a poeira de terras altas).
Ao mesmo tempo, os cientistas compararam os efeitos com aqueles causados por partículas finas de poeira (chamadas PM2.5) recolhidas numa via urbana muito movimentada em Sidney, cidade da Austrália. Estas partículas são minúsculas o suficiente para penetrar profundamente nos pulmões.
E o resultado foi que, assim como qualquer outra poeira, a poeira lunar pode ser irritante, mas não coloca os astronautas em risco de stress oxidativo ou inflamação a longo prazo, problemas que ocorrem com as partículas da poeira terrestre.
A poeira lunar causou danos nas células principalmente devido aos formatos irregulares e pontiagudos das suas partículas. Porém, os simuladores não identificaram grandes níveis de stress oxidativo (que causa danos celulares e está associado à toxicidade), comparando com a poeira terrestre.

"As nossas descobertas sugerem que, embora a poeira lunar possa causar alguma irritação imediata nas vias aéreas, não parece representar um risco para doenças crónicas e de longo prazo, como a silicose, causada por materiais como a poeira de sílica", disse num comunicado Michaela B. Smith, autora principal do estudo.
"Qualquer pó, se o inalar, vai espirrar, tossir e ter alguma irritação. Mas a poeira lunar não é tão tóxica quanto a sílica, que pode causar silicose por ficar 10 anos num canteiro de obras. Não vai ser algo assim", explicou Smith.
Ou seja, ao inalar a poeira lunar é improvável que os astronautas adquiram doenças a longo prazo como resultado, mas é preciso estar preparado para o desconforto que irá causar.
Referências da notícia
Scientists Investigate What Happens If You Snort Moon Dust. 29 de junho, 2025. Maggie Harrison Dupré.
Lunar dust induces minimal pulmonary toxicity compared to Earth dust. 11 de fevereiro, 2025. Smith, et al.
Inalar poeira lunar faria mal ao pulmão humano? A ciência dá a resposta. 01 de julho, 2025. Mariana Letizio.