Uma mochila, um tamanho: as companhias aéreas alinham finalmente medidas
Acabaram-se as confusões. Decisão pretende garantir equidade entre viajantes e evitar surpresas desagradáveis à entrada do avião, tornando o transporte de pequenos volumes mais claro, simples e gratuito.

Quem já apanhou um voo dentro da Europa sabe que as regras para levar bagagem de mão são tudo menos uniformes. Há companhias que permitem uma pequena mochila, outras aceitam uma carteira generosa, e há ainda aquelas que só faltam trazer uma fita métrica à porta do avião. Mas isso vai mudar.
A Airlines for Europe (A4E), associação que representa várias transportadoras europeias — entre elas a TAP, a easyJet e a Ryanair — anunciou recentemente que as companhias que a integram vão adotar um tamanho padrão para o chamado "item pessoal" gratuito.
A partir do final do verão de 2025, esse objeto deverá ter, no máximo, 40 por 30 por 15 centímetros.
Segundo a diretora executiva da A4E, Ourania Georgoutsakou, esta decisão surge como resposta à proposta aprovada recentemente pelo Parlamento Europeu, que defende mais clareza e direitos reforçados para os passageiros. A ideia é simples: acabar com a confusão entre companhias e garantir que todos os passageiros têm direito a levar um volume consigo na cabine, sem custos extra — desde que este respeite as novas dimensões estabelecidas.
A Europa mexe-se, e as companhias ajustam-se
A proposta discutida em Bruxelas no passado dia 18 de junho prevê que, além do item pessoal, os passageiros possam também transportar uma mala de cabine adicional, desde que esta não ultrapasse os 100 centímetros no total das suas medidas e não pese mais de sete quilos. No entanto, este segundo volume ainda não está garantido, carecendo de aprovação final pelos Estados‑Membros e pelo Conselho Europeu.
A Ryanair, por exemplo, tem há vários anos regras semelhantes, permitindo uma mochila de 40 por 20 por 25 centímetros sem custos. Com esta uniformização, a medida da A4E é, curiosamente, ligeiramente mais generosa em altura e profundidade, o que até pode beneficiar alguns passageiros.

Segundo o ‘The Guardian’, a companhia irlandesa já está a ajustar ligeiramente as suas práticas para acomodar a nova norma sem comprometer o espaço a bordo. Aliás, tudo indica que a Ryanair vai aumentar as dimensões do personal bag gratuito dos atuais 40 por 25 por 20 para 40 por 30 por 20, ultrapassando até o padrão mínimo da UE.
Em causa estão mudanças nos prazos de reclamação, nos critérios de compensação e, claro, na possibilidade de se voltar a cobrar por bagagem que até agora era gratuita. Segundo o ‘ECO’ e o ‘The Times’, o cenário ainda está em debate, mas a maioria dos eurodeputados já manifestou oposição clara a essas alterações.
E o preço dos bilhetes? Pode vir aí uma surpresa
Há outro detalhe que merece atenção. Várias companhias aéreas — especialmente as chamadas low-cost — já deixaram o aviso: se não puderem cobrar pelas mochilas ou carteiras que os passageiros levam a bordo, vão ter de ajustar os preços base dos bilhetes. Ou seja, o que se ganha em transparência e direitos pode acabar por se pagar no total da viagem.
Mesmo assim, a uniformização é vista como um passo positivo. Para quem viaja com frequência dentro da Europa, significa menos surpresas, menos taxas inesperadas no portão de embarque e uma maior noção do que se pode ou não levar. A regra deverá entrar em vigor até ao final do verão de 2025, mas algumas companhias já começaram a aplicá-la.
Se está a planear viagens nos próximos tempos, vale a pena confirmar se a companhia já adotou a nova norma. Até lá, escolher uma mochila com as medidas certas — nem demasiado pequena, nem um armário portátil — é a melhor forma de viajar tranquilo e evitar dissabores à última hora.