Super ciclone tropical Amphan atinge a Índia e o Bangladesh

O Amphan, um ciclone tropical de grandes dimensões vai atingir nas próximas horas algumas regiões da Índia e do Bangladesh. O seu poder destrutivo faz com que as autoridades locais ponderem evacuações em larga escala. Saiba connosco, tudo sobre este fenómeno!

Ciclone Tropical
Efeitos da passagem de um ciclone tropical nas áreas costeiras.

O ciclone tropical Amphan começou a formar-se no início da semana, no Sudoeste do Golfo de Bengala, a Norte do Sri Lanka, e, ao deslocar-se para Norte está a afetar a costa oriental da Índia. No espaço de 24 horas, entre domingo à tarde e segunda-feira, este fenómeno escalou da categoria 1 para a categoria 5, a mais elevada da escala de Saffir-Simpson (em comparação com os furacões do Atlântico), segundo imagens de satélite da NASA.

À medida que este fenómeno se desloca para Norte, paralelamente à linha de costa, faz-se acompanhar por ventos constantes que superam os 250 km/h, valores de precipitação extremamente elevados e trovoadas bastante intensas. Este é já considerado por muitos especialistas, o maior e mais intenso ciclone registado na região, desde 2007. Nesse ano, os ciclones Gonu (junho) e Sidr (novembro) quebraram recordes de intensidade de precipitação e velocidade do vento e foram responsáveis pela morte de mais de 3000 pessoas.

Uma das medidas já adotadas pelas autoridades foi a evacuação de cerca de 2 milhões de pessoas das áreas costeiras para áreas mais elevadas

As autoridades locais esperam que este ciclone chegue a terra na quarta-feira durante a tarde ou ao início da noite, na região fronteiriça entre a Índia e o Bangladesh. A sua aproximação à superfície continental representará uma diminuição da força, sem perder o potencial destrutivo para a população e para as infraestruturas, que é característico.

Consequências de um fenómeno desta intensidade

O ciclone Amphan vai afetar áreas densamente povoadas e extremamente vulneráveis a este tipo de eventos meteorológicos. A cidade de Calcutá, na Índia Oriental, bem como a capital do Bangladesh, Daca, estão diretamente no caminho deste ciclone.

Esta área é uma das mais vulneráveis a ciclones tropicais do planeta, por vários motivos: primeiro, por se encontrar no delta do Rio Ganges, uma área muito influenciada pelas marés e pela variação da precipitação; em segundo, por ser uma área relativamente plana, ou de relevo quase inexistente. A altitude média do Delta do Ganges, o maior delta do mundo, é de 9 metros acima do nível médio das águas do mar. É esperado que este evento crie marés 4 a 5 metros mais elevadas que o habitual.

Os níveis de precipitação elevados associados a este fenómeno, bem como o aumento das marés, podem potenciar inundações rápidas em áreas costeiras menos elevadas e causar um número elevado de vítimas mortais, se não forem tomadas as devidas medidas de proteção. Uma das medidas já adotadas pelas autoridades foi a evacuação de cerca de 2 milhões de pessoas das áreas costeiras para áreas mais elevadas. No Bangladesh, foram preparados mais de 12 mil abrigos que podem acomodar mais de 5 milhões de pessoas. É importante salientar que o cálculo destes números já contempla o distanciamento social exigido pelos tempos de pandemia que se vivem.

Os furacões e os ciclones tropicais são os eventos meteorológicos mais poderosos à face da Terra. No Golfo de Bengala, estes ciclones são cada vez mais frequentes e mais intensos, apontando-se muitas vezes as alterações climáticas como responsáveis. Felizmente, a preparação e a resposta das autoridades são cada vez mais eficientes, o que tem diminuído substancialmente o número de vítimas mortais. Os estudos científicos do comportamento destes fenómenos podem ter também uma contribuição essencial para a salvaguarda de vidas humanas.