Previsões e impactos das alterações climáticas pioraram em 2020

A desaceleração económica relacionada com a pandemia da COVID-19 não conseguiu travar os efeitos e as causas das alterações climáticas, de acordo com um novo relatório, compilado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e uma extensa rede de parceiros. Saiba mais aqui!

urso polar; degelo; alterações climáticas.
O degelo é um dos indicadores das alterações climáticas e pode ter influência nas características do clima das regiões do Círculo Polar Ártico.

O relatório “Estado do Clima Global 2020” documenta indicadores do sistema climático, incluindo concentrações de gases com efeito de estufa, aumento da temperatura da terra e do oceano, aumento do nível do mar, degelo e recuo dos icebergs, e condições meteorológicas extremas. Este, destaca também os impactos no desenvolvimento socioeconómico, migração e deslocação, segurança alimentar e ecossistemas terrestres e marinhos.

2020 foi um dos três anos mais quentes registados até ao momento, apesar do fenómeno de arrefecimento La Niña. A temperatura média global foi cerca de 1.2°C acima do nível pré-industrial (1850-1900). Os seis anos, a partir de 2015, foram os mais quentes registados até agora. Assim como 2011-2020 foi a década mais quente.

O relatório e as suas conclusões

O primeiro relatório sobre o estado do clima foi emitido em 1993 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), devido às preocupações levantadas naquele momento em relação às alterações climáticas.

Todos os principais indicadores climáticos e informações de impacto associadas, fornecidas neste relatório, destacam as alterações climáticas implacáveis e contínuas, a ocorrência de cada vez mais eventos extremos e as consequentes perdas e danos graves que afetam sociedades e economias.

Esta tendência climática continuará nas próximas décadas, independentemente do nosso sucesso na mitigação. Portanto, é importante investir em adaptação. Uma das formas mais poderosas de adaptação é investir em serviços de alerta precoce e redes de observação do tempo.

Vários países menos desenvolvidos têm grandes lacunas nos seus sistemas de observação e carecem de serviços meteorológicos, climáticos e de água de última geração, afirmou o Secretário-Geral da OMM, Professor Petteri Taalas.

As conclusões deste relatório não são animadores e é necessário passar de um estado de mitigação para estado de adaptação, onde já não é possível reverter o clima, mas sim, adaptar-nos às mudanças.

O Professor Taalas juntou-se ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, no lançamento deste que é o relatório principal da OMM, numa conferência de imprensa no dia 19 de abril. Esta aconteceu antes da Cimeira Virtual de Líderes sobre o Clima, que irá dar-se de 22 a 23 de abril, e que foi convocada pelos Estados Unidos da América.

O presidente Joe Biden está a tentar juntar os esforços das principais economias, em prol da redução das emissões de gases com efeito de estufa e cumprir as metas do Acordo de Paris, para manter o aumento da temperatura abaixo de 2°C.