Portugal, à beira mar plantado!

Cerca de 97% de Portugal é mar. O país possui a terceira maior zona económica exclusiva da União Europeia (11% da ZEE da EU pertence a Portugal) e a décima primeira a nível mundial. São cerca de 1,727,408 km² de território a preservar, dinamizar e defender em todas as valências!

O oceano cobre cerca de 71% da superfície do planeta, o que equivale a mais de 90% do seu espaço habitável.

Em 2020, Lisboa será a capital verde europeia e acolherá a conferência da ONU sobre os oceanos. Também nesse ano está projectada a inauguração da primeira central fotovoltaica para abastecer autocarros eléctricos, assim como, no âmbito do programa Fundo Azul - que visa potenciar o desenvolvimento da economia do mar, apoiar a investigação científica e tecnológica, incentivar a protecção e monitorização do meio aquático, e, incrementar a segurança marítima. E, de acordo com o director-geral de política do mar, foram já aprovados seis projectos na área da energia das ondas, com um valor de um milhão de euros.

A missão é desafiante, considerando os actuais problemas dos oceanos que representam pressões desde, a poluição por resíduos de plástico, à proteção e sustentabilidade da vida marinha até ao impacte das mudanças em curso nos padrões climáticos, assim como de atividades de âmbito menos licito, os esforços para a “preservação do bem” oceano implicam uma empenhada mobilização de todos, para a criação de estratégias eficazes e rapidamente exequíveis, sob pena de não irmos a tempo!

O oceano é habitado pelos maiores animais que já viveram na Terra e por biliões e biliões de menores organismos. E, das praias às mais escuras profundezas do mar, o oceano e a costa sustentam uma panóplia de vidas - dos moluscos às aves marinhas, às florestas de algas, às fontes hidrotermais, ao fitoplâncton que produz cerca de metade de todo o oxigénio do planeta, e em última linha nesta cadeia, ao Homem, que ao longo da historia da sua existência, foi usufruindo e vilipendiando os benefícios de um equilíbrio que conta com milhares de anos de dinâmica.

Nunca demais lembrar que, a sobre-exploração comercial dos stocks piscatórios do planeta representa já um gravíssimo problema, considerando que quase um terço de todas as populações de peixes são vítimas da sobrepesca, e cerca de 13% colapsaram completamente! Igualmente perigoso, é o ritmo a que a superfície do mar tem vindo a aquecer, elevando o nível do mar e aumentando a acidez da água do oceano. E, elementar não esquecer que, pela sua imponente dimensão e por inerência pela sua contribuição para o equilíbrio do sistema climático – retém dióxido de carbono, fornece grande parte do oxigénio disponível no planeta através dos organismos fotossintéticos, – o oceano é um determinante regulador/estabilizador do clima na Terra.

Perante a escala dos impactes antrópicos, o futuro do oceano vislumbra-se triste e em velocidade galopante para a irreversibilidade, em termos de sustentabilidade e equilíbrio enquanto meio.

As acções têm efeito?

É premente que, para curar as maleitas que afectam os oceanos, sinergias sejam criadas, e por todos compromissadas, no sentido de diminuir a poluição marinha, reduzindo os milhões de toneladas de lixo que vão parar ao mar todos os anos, criar, exponenciar e gerir eficazmente áreas marinhas protegidas, implementar e fiscalizar sistemas de pesca sustentáveis (pesca-se muito além das necessidades, olhando à quantidade de pescado diária e mundialmente tornado lixo), e inteligentemente, apostar numa “economia azul” impulsionando a investigação científica marinha e marítima.

Chamamos Terra a um planeta que, pela sua cor se devia chamar Oceano. A vida surgiu na água e evoluiu ao longo de milhares e milhares de anos. Porque gostamos da nossa casa, queremos cá continuar, e por isso, devemos dela muito bem tratar. Começamos a perceber os efeitos da simbologia da finitude, e está por isso na hora de agir, a fim de assegurar um planeta saudável para os que nos vão descender!