Peixe com veneno mais forte do que o cianeto foi encontrado no Reino Unido

Investigadora encontrou peixe-balão raro com veneno capaz de matar cerca de 30 humanos. O peixe-balão é nativo dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Apesar da sua raridade, nos últimos anos, o peixe tem sido encontrado frequentemente no Mar Mediterrâneo. Realce-se que o veneno ainda não possui antídoto.

Peixe letal
O peixe-balão oceânico foi encontrado morto numa praia no sul do Reino Unido. Foto: arquivo pessoal | Constance Morris.

Um peixe, com veneno 1.200 vezes mais poderoso do que o cianeto, extremamente raro foi encontrado numa praia na costa da Cornualha, no sul do Reino Unido, no último dia 21 de novembro. Constance Morris, especialista em animais marinhos, enquanto aproveitava as férias com a sua família foi quem descobriu este peixe letal.

Para fins de comparação: a toxina mitocondrial formada por átomos de carbono e nitrogénio, conhecida como cianeto, é uma das intoxicações mais letais já conhecidas pelo Homem. O cianeto foi muito utilizado nos tempos antigos e modernos como um método de execução, causando mortes em poucos minutos de exposição.

O animal era tão raro que a própria especialista demorou para identificá-lo, necessitando da ajuda de colegas para saber, precisamente, que se tratava do peixe mais venenoso, cujo veneno é conhecido por tetrodotoxina. Uma toxina encontrada especialmente em peixes de água doce e salgada em diversas regiões do mundo.

"Eu estava a olhar para a praia quando reparei nalgumas gaivotas de dorso preto a bicar um peixe. Ao caminhar até ao animal, soube imediatamente que era uma descoberta incomum" - afirmou Constance Morris em entrevista ao jornal local Cornwall Live.

Acredita-se que a tetrodotoxina é produzida por bactérias que habitam o intestino dos animais marinhos, sendo armazenada especialmente na pele e vísceras, e em menor quantidade, na carne desses animais. O peixe em questão, posteriormente, foi identificado como peixe-balão oceânico, cientificamente da espécie Lagocephalus lagocephalus.

A especialista, Constance, tem o hábito de fotografar animais marinhos mortos para uma organização de monitorização da vida selvagem, chamada Marine Stranding Network do Cornwall Wildlife Trust. Morris, com o intuito de estudar e partilhar informações sobre o peixe para fins académicos, guardou o animal no seu congelador.

Peixe letal
O animal tinha lasca nas costas, parte inferior branca e flácida e um rosto atarracado que escondia a sua característica mais notável: a boca. Foto: arquivo pessoal | Constance Morris.

Realce-se que é de suma importância não tocar, com as mãos livres, no animal. Por esta razão, Morris contou que ensacou o peixe com segurança. Além disso, enfatizou a relevância de registar este tipo de evento às autoridades, pois isso proporciona uma direção melhor daquilo que está a acontecer nos oceanos.

Investigadores afirmam que cada peixe-balão transporta toxinas suficientes para matar quase 30 humanos adultos e, de acordo com a Ciência, ainda não existem antídotos contra esta substância.

Os oficiais da Marine Stranding Network do Cornwall Wildlife Trust alertam os banhistas caso encontrem outros peixes desta espécie; pois, além de produzirem tetrodotoxina, especialmente perigosa se ingerida, também podem produzir um lodo tóxico.

Envenenamento por tetrodotoxina

Devido à base da culinária japonesa, e, apesar de todo o cuidado dos experientes cozinheiros, este tipo de envenenamento constitui aproximadamente 50% de todas as intoxicações mortais no Japão. A ação da tetrodotoxina consiste de um bloqueio imediato na condução de estímulos nervosos.

As manifestações da intoxicação são semelhantes às da intoxicação paralítica, tais como:

  • Encortiçamento ou parestesias da língua, lábios e extremidades;
  • Diarreia, náuseas e vómitos;
  • Paralisia muscular progressiva;
  • Dificuldade respiratória;
  • Redução progressiva da consciência;
  • Morte de 50% por paralisia respiratória e hipotensão arterial grave, ou recuperação em 4 dias com apoio ventilatório.