Os ventos...eles podem ser a peça chave dos mega incêndios!!

Novas pesquisas indicam que os ventos altamente localizados, podem desempenhar um papel predominante nas dimensões dos fogos e serem mais determinantes na propagação das chamas, que as temperaturas ou uma floresta desordenada e sem limpeza.

O vento pode determinar a forte dimensão do incêndio

Por regra, a seca e as florestas crescentes, são as culpadas pelos grandes incêndios, mas novas pesquisas levadas a cabo recentemente, usando dados da NASA, concluem que por vezes os ventos localizados desempenham um papel decisivo, criando incêndios altamente destrutivos.

O recente estudo levado a cabo pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR)em Boulder, no Colorado, concentrou a sua análise no grande incêndio de 2014 na Califórnia, que queimou mais de 39 mil hectares de floresta.A equipa de investigadores descobriu que os ventos -ventos relacionados com a topografia e os ventos criados pelo calor escaldante das chamas, foram a razão pela qual o fogo subitamente se expandiu a mais de 24 km, em apenas umas horas.

Estes ventos , por vezes com centenas de metros de diâmetro, geralmente não são detetados por estações metereológicas, que podem estar a quilômetros de distância e por isso registam apenas ventos fracos.Segundo Janice Coen, a principal autora do estudo da NCAR, a questão dos ventos abre um novo conjunto de possibilidades e sobretudo questiona as suposições sobre os grandes incêndios serem causados pelo “pelo tipo de vegetação ou condições de seca”. Os ventos de pequena escala gerados pelo fogo podem ter um grande impacto sobre o próprio fogo e um papel maior do que qualquer outro fator, segundo afirmou.

O megafogo de Pedrogão Grande, em Portugal, em 2017

Os autores do estudo americano tiveram acesso a imagens térmicas aéreas obtidas durante durante o incêndio real na Califórnia e recriaram o mesmo fogo mas dentro de um computador da NCAR que combinou a previsão do tempo e o comportamento do fogo, avaliando a importância dos diferentes factores. A simulação não alterou a extensão final do incêndio nem a sua expansão, nem a carga real de combustível (como pode existir em uma floresta menos crescida) se expandiu da mesma maneira como o fogo real fez.

Em conclusão: o fogo tornou-se mais forte por causa dos ventos na inclinação dos terrenos.O estudo, intitulado "Desconstruindo os Mega fogos",foi publicado na revista Ecological Applications. A pesquisa foi financiada pela NASA.

Sobre o que aconteceu em 2017, em Portugal, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) revelou na altura que as condições que determinaram situações no terreno de excecional gravidade "foram o resultado da conjugação da dinâmica do próprio incêndio e dos efeitos da instabilidade atmosférica” gerando downburst, ou seja, vento de grande intensidade que se move verticalmente em direção ao solo, que após atingir o solo sopra de forma radial em todas as direções. Segundo o IPMA este é um fenómeno por vezes confundido com um tornado, e tem um grande impacto em caso de incêndio florestal, por espalhar fragmentos em direções muito diversas.