Os pinguins-de-magalhães estão de volta ao Oceanário de Lisboa

Descubra aqui como uma equipa internacional, com mais de uma centena de especialistas, montou uma complexa e demorada operação para recriar o habitat original desta espécie da região subantártica.

Pinguins-de-magalhães no Oceanário de Lisboa
Mais de uma centena de especialistas envolvidos na operação recriaram o habitat original dos pinguins do Oceanário de Lisboa. Foto: Pedro Pina, Oceanário de Lisboa

Oceano do Sul é nova casa dos pinguins-de-magalhães. Ou, melhor dito, é a casa renovada que esta espécie ganhou agora no Oceanário de Lisboa, no Parque das Nações.

Após quase um ano de obras intensas, envolvendo uma equipa de 136 profissionais de 12 nacionalidades, o novo habitat ficou finalmente concluído e já recebeu os seus hóspedes: 29 pinguins-de-magalhães e 12 andorinhas-do-mar-inca.

Foi a primeira grande reconstrução de um dos habitats originais do Oceanário, inaugurado em 1998 para a Expo’98. Esta nova casa tem tudo o que eles precisam, estando alinhada com os mais elevados padrões de bem-estar animal.

Pinguins-de-magalhães no Oceanário de Lisboa
O habitat renovado dos pinguins recria a região subantártica, caracterizada por um clima frio, mas menos rigoroso do que o da Antártica. Foto: Pedro Pina, Oceanário de Lisboa

O espaço recria, de forma fiel e autêntica, as zonas costeiras subantárticas, integrando rochas, cascatas, gelo, estalactites e um espaço para nadar com simulação de ondas de maré.

Reconstrução do habitat dos pinguins do Oceanário de Lisboa
As obras demoraram 10 meses, envolvendo a construção de áreas terrestres e aquáticas mais alargadas e técnicas que imitam a natureza. Imagem: frame do vídeo do Oceanário de Lisboa

A intervenção inclui ainda mais ninhos, áreas terrestres e aquáticas alargadas e novos estímulos que favorecem o comportamento natural da espécie.

A adoção do nome Oceano do Sul para o novo habitat é justificada pelo Oceanário com o facto de a Organização Hidrográfica Internacional (IHO) reconhecer desde 2000 o Oceano do Sul como a quinta bacia oceânica, juntando-se às do Atlântico, Pacífico, Índico e Ártico.

Os visitantes vão poder também observá-los mais de perto. A partir de um piso inferior será possível até ver os mergulhos dos pinguins lado a lado com tubarões, peixes e outras espécies marinhas.

Os bastidores da operação

Durante dez meses, os animais estiveram numa instalação provisória junto ao edifício principal, onde se procurou assegurar a mesma qualidade de vida. Esse foi o tempo necessário para concluir os trabalhos de requalificação, que envolveram cerca de 50 entidades lideradas pelo Oceanário de Lisboa.

Foram necessárias 200 toneladas de cimento, 5280 sacos de betão, 1530 metros quadrados de rede e utilizaram-se técnicas que imitam a natureza, como o recurso de ar e à água para esculpir o cenário do habitat.

Mergulho do pinguim-de-magalhães no Oceanário de Lisboa
A partir de um piso inferior, os visitantes vão poder ver os mergulhos dos pinguins. Imagem: frame do vídeo do Oceanário de Lisboa

O projeto contou com os arquitetos Ginette Castro e Michael Oleksak, antigos membros da equipa de Peter Chermayeff, autor do conceito original do Oceanário.

Pinguins do Oceanário de Lisboa
O regresso dos pinguins ao seu habitat renovado aconteceu de forma faseada, com os mais velhos a chegarem primeiro e os mais novos a serem introduzidos depois. Imagem: frame do vídeo do Oceanário de Lisboa

A cenografia e a decoração artificial ficaram a cargo da JDC Faux Rock Creations, reconhecida internacionalmente pelo trabalho especializado em recriar ambientes naturais com elevado realismo.

A espécie foi citada pela primeira vez pelo navegador português Fernão de Magalhães, que o avistou em 1520, daí o nome atribuído este pinguim com estatuto de conservação “Quase ameaçado”, na lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza

Os especialistas procuraram reproduzir o ambiente natural do pinguim-de-magalhães, que vive nos oceanos Pacífico e Atlântico, na zona costeira, onde acompanha a migração da anchova, o seu petisco preferido.

O grande momento

Em finais de agosto, com as obras finalizadas, os pinguins regressaram finalmente ao Oceanário. Primeiro os mais velhos e depois os mais novos. O momento foi memorável e todos os funcionários estiveram presentes.

Queremos que cada visitante viva um encontro inesquecível com os pinguins e se sinta transportado para o Oceano do Sul. Este é o primeiro passo para educar e conservar – criar ligações, porque ninguém protege o que não conhece.
Roque Cunha Ferreira, CEO do Oceanário de Lisboa.

A grande recompensa foi ver o comportamento dos animais quando descobriram a sua nova casa. “Vocalizaram bastante, o que é um sinal de felicidade, comeram muito bem e começaram logo a explorar os novos espaços”, conta Hugo Batista, diretor de biologia, no vídeo de apresentação do novo espaço do Oceanário de Lisboa.

Referência da notícia

Os Pinguins Estão de Volta! O Regresso do Ano Acontece no Oceanário de Lisboa. Oceanário de Lisboa