Importância do Arquivo Mundial dos Extremos Meteorológicos e Climáticos da OMM

O conhecimento dos extremos meteorológicos e climáticos é extremamente importante, não só para a ciência, mas também para fins práticos, nomeadamente para a construção de novos projetos de engenharia e arquitetura.

Regiões do globo
A análise do clima numa região necessita do conhecimento dos extremos meteorológicos na região.

Ao projetar, por exemplo, um edifício ou uma ponte, é essencial saber, com base em observações anteriores, qual a velocidade máxima que o vento já atingiu naquela área geográfica.

Arquivo Mundial dos Extremos Meteorológicos e Climáticos

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) assumiu a responsabilidade de acolher o Arquivo Mundial dos Extremos Meteorológicos e Climáticos, que é o equivalente ao Guiness Book para os recordes de calor, precipitação, vento, relâmpagos e muitos outros fenómenos.

A origem do Arquivo oficial de Extremos Meteorológicos e Climáticos remonta a 2007 e foi liderado pelo Prof. Randall Cerveny da Universidade do Estado do Arizona e pela antiga Comissão de Climatologia da OMM. Este Arquivo regista os registos oficiais de extremos globais, hemisféricos e regionais associados a uma série de tipos de tempo específicos.

Um registo de extremo meteorológico ou climático é o valor máximo até agora conhecido para uma variável meteorológica ou climática numa determinada área geográfica, como a temperatura mais alta ou mais baixa até agora registada a nível mundial ou numa região, país domínio geográfico de interesse específico.

Atualmente, o Arquivo enumera os extremos de temperatura do ar, pressão atmosférica, precipitação, granizo, vento, relâmpagos e a altura das ondas do mar, bem como dois tipos específicos de tempestades, os tornados e os ciclones tropicais. A preservação da memória climática não pode ser feita adequadamente sem o arquivo de informações sobre os extremos registados ao longo do tempo.

Ciclones tropicais
É importante ter conhecimento do tempo extremo provocado pelos ciclones tropicais, designadamente em termos de vento, precipitação e pressão atmosférica.

Ainda segundo o Prof. Randall Cerveny, foram precisos anos para que as pessoas, tanto dentro como fora da OMM, olhassem para a Organização como o árbitro oficial dos Registos dos Extremos Meteorológicos e Climáticos. No entanto, assim que o fizeram, cada vez mais cientistas, jornalistas, meteorologistas, entusiastas leigos da meteorologia, bem como os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos regionais e nacionais oficiais solicitaram que fossem avaliados cada vez mais registos extremos e mais rapidamente.

Uma observação que seja um potencial novo registo é suscetível de receber uma atenção considerável logo que seja conhecida. Infelizmente, a avaliação formal por um comité da OMM é um processo moroso, que muitas vezes demora um a dois anos a chegar ao resultado final. Para que a avaliação seja mais rápida, é necessário um processo de aceitação (ou rejeição) provisória de um potencial registo, a fim de determinar a sua credibilidade.

Importância dos Registos Extremos

De acordo com o Prof. Cerveny, relator da OMM para os extremos meteorológicos e climáticos, o Arquivo fornece perspetivas históricas e geográficas dos limites observados de fenómenos meteorológicos e climáticos extremos. Trata-se, assim, de uma fonte viva de informação para a compreensão da variabilidade e das alterações climáticas e para a deteção e atribuição de alterações climáticas, bem como para a construção, a energia, a indústria e outras aplicações.

O conhecimento dos valores extremos de determinados parâmetros meteorológicos torna-se cada vez mais importante, atendendo que num clima em mudança, muitos fenómenos meteorológicos e climáticos extremos estão a aumentar em frequência e intensidade, com impactos desproporcionalmente elevados.

De acordo com o Chefe da Monitorização do Clima da OMM, Dr. Omar Baddour, dispor de uma lista fiável de extremos, além de poder ajudar a fomentar o interesse das pessoas pelo clima, pode ajudar os meios de comunicação social a colocar os acontecimentos meteorológicos na devida perspetiva.