A maior frequência de fenómenos meteorológicos e climáticos extremos está a transformar o Ártico

O Boletim Informativo do Ártico documenta novas provas de que o aquecimento do ar, dos oceanos e da terra está a afetar as pessoas, os ecossistemas e as comunidades em toda a região do Ártico.

Ártico
As 17 menores extensões de gelo marinho do Ártico ocorreram nos últimos 17 anos.

O Ártico está cada vez mais quente, menos gelado e mais húmido, com um aumento de frequência de extremos meteorológicos e climáticos regionais.

Boletim Informativo do Ártico

A NOAA, National Oceanic and Atmospheric Agency dos EUA, publica o relatório anual sobre o Ártico, Boletim Informativo do Ártico, desde 2006. Este boletim visa apresentar informações ambientais claras, fiáveis e concisas sobre o estado atual das diferentes componentes do sistema ártico em relação aos registos históricos.

Este Boletim vem comprovar que a região do Ártico está a aquecer mais rapidamente do que qualquer outra parte do mundo.

De acordo com o Boletim de 2023, as temperaturas do ar à superfície no verão de 2023 foram as mais quentes alguma vez observadas no Ártico. Globalmente, foi o sexto ano mais quente de que há registo no Ártico e a extensão do gelo marinho continuou a diminuir, com os últimos 17 meses de setembro a registarem os valores mais baixos de que há registo.

Um calor invulgar na Gronelândia contribuiu para uma área acumulada de dias de fusão do gelo que se aproxima do recorde histórico do manto de gelo da Gronelândia. O ponto mais alto do manto de gelo da Gronelândia sofreu fusão apenas pela quinta vez nos 34 anos de registo.

Temperatura média
2023 foi o verão mais quente de que há registo no Ártico (Fonte: NOAA Climate.gov Data:ARC2023)

O calor extremo que se registou no norte do Canadá, que coincidiu com precipitação abaixo do normal, contribuiu para uma época extrema de incêndios florestais na região e para o fumo que se propagou pelos Estados Unidos.

A mensagem principal do boletim deste ano é que o momento de agir é agora.

A comunidade global, deve reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa que estão impulsionando estas mudanças rápidas no Ártico.

Amplificação do Ártico

A Amplificação do Ártico é um fenómeno reconhecido em que o aquecimento global provocado pelo homem é amplificado nos pólos, fazendo com que o Ártico aqueça mais rapidamente do que o resto do globo.

São vários os fatores que potenciam o aquecimento a altas latitudes, mas o principal é o facto de o aquecimento reduzir a neve e o gelo que, de outro modo, refletiriam a luz solar que chega. As temperaturas no Ártico aumentaram pelo menos duas vezes mais depressa do que as temperaturas globais, possivelmente ainda mais depressa, desde o ano 2000.

Anomalias da temperatura
Amplificação das alterações climáticas no Ártico (Fonte: NOAA Climate.gov Data:ARC2023)

Os mares pouco profundos que rodeiam as margens do Oceano Ártico aqueceram drasticamente nas últimas quatro décadas. Em média, estas áreas aqueceram cerca de 2° C desde que se iniciaram as medições por satélites.

O aquecimento das temperaturas do ar e da água diminui a cobertura de gelo marinho, o que expõe mais o oceano à luz direta do sol, o que conduz a um maior aquecimento.

Os locais que outrora estavam cobertos de neve durante quase todo o ano estão a descongelar mais cedo na primavera. O inverno de 2022-23 trouxe, de facto, acumulações de neve acima da média para o Ártico, mas esta desapareceu muito mais rapidamente na primavera do que costumava acontecer.