O papel da Geoengenharia nas alterações climáticas

Nos últimos anos, uma equipa de cientistas da Universidade de Harvard tem vindo a desenvolver um conjunto de medidas que visam mitigar os efeitos das alterações climáticas. De que forma é que tudo isto pode impactar as nossas vidas? Contamos-lhe tudo aqui!!

Planeta Terra
Atmosfera terrestre a receber radiação solar, a principal fonte de energia na Terra.

Desde 2018 que estudos no campo da geoengenharia solar (também conhecida como engenharia climática, neste caso relacionada com o Sol) tentam comprovar que é possível diminuir de forma artificial a atuação da radiação solar no processo de aumento da temperatura média à superfície da Terra. Em Harvard, a ideia passa por introduzir aerossóis a cerca de 20 quilómetros de altitude (próximo da camada do ozono) com o objetivo de bloquear mais radiação solar, através da reflexão, da difusão e da absorção.

Os aerossóis em questão, que consistem em carbonato de cálcio, que se encontra em diversos produtos do dia-a-dia, como cimento, pastas de dentes, misturas para bolos e comprimidos para a azia. Estes seriam introduzidos na estratosfera num determinado local, sendo que a circulação geral da atmosfera encarregar-se-ia da sua distribuição a nível mundial.

Despois de distribuídos, em teoria, estes aerossóis formariam uma rede de proteção, um escudo gigante, que ajudaria principalmente no processo de reflexão da radiação solar de volta ao espaço, diminuído assim a quantidade de energia que atravessa a atmosfera e, consequentemente, protegendo a Terra dos efeitos do crescente aumento da temperatura média.

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A importância do projeto SCoPex

A medida apresentada está inserida no projeto SCoPex (Stratospheric Controlled Perturbation Experiment). Este projeto, desenvolvido no seio da Universidade norte-americana de Harvard, no Massachusetts, tinha a sua primeira experiência prática agendada para 2019, tendo sido adiada devido a alguns problemas técnicos e posteriormente devido à situação pandémica que se abateu um pouco por todo o mundo, estando previsto que avance em meados deste ano.

Previa-se que em meados de 2019, um dirigível (um pequeno balão de investigação contendo inúmeros instrumentos de monitorização) libertasse pequenas quantidades de carbonato de cálcio na atmosfera, a cerca de 20 quilómetros de altitude, no sudoeste do território dos Estados Unidos da América, com o objetivo de analisar a dinâmica de dispersão dos aerossóis. No entanto, será em junho de 2021 que a cidade sueca de Kiruna acolherá este procedimento experimental, que terá um custo estimado de 3 milhões de dólares.

O balão de investigação, lançado em altitude, libertará uma pequena quantidade de carbonato de cálcio, que vai criar uma massa de ar perturbado com cerca de 1 quilómetro de espessura e 100 metros de diâmetro. Posteriormente, os instrumentos acoplados ao balão vão monitorizar as mudanças na massa de ar, nomeadamente as mudanças na densidade, na composição química da atmosfera e na dispersão da radiação solar.

Este projeto está envolto em alguma polémica visto que não é certo que a libertação de carbonato de cálcio na atmosfera tenha os efeitos pretendidos. A reação da atmosfera aos aerossóis pode ser diferente das experiências desenvolvidas em laboratório. Alguns críticos acreditam que em vez de colaborar com a camada de ozono, o CaCO3 pode potenciar a destruição desta camada essencial à sobrevivência da espécie humana.

Por outro lado, as entidades ambientalistas acreditam que uma mudança na estratégia de mitigação pode potenciar a continuação da emissão de gases com efeito de estufa, levando a população a manter os atuais padrões de consumo.