Explosão deste vulcão desconhecido teve um impacto climático comparável ao da erupção do Pinatubo em 1991
A erupção deste vulcão desconhecido em 1835 foi uma das mais poderosas do continente americano, com efeitos climáticos globais semelhantes aos causados pelo Pinatubo em 1991.

Localizado no extremo noroeste da Nicarágua, o vulcão Cosigüina permanece relativamente desconhecido fora dos círculos científicos e geológicos. No entanto, este “vulcão coberto” foi o protagonista de uma das erupções mais violentas e climaticamente chocantes do século XIX.
A sua gigantesca explosão, em janeiro de 1835, lançou uma nuvem de cinzas a mais de 40 quilómetros de altura, escureceu o céu e alterou o tempo e o clima do mundo durante anos. Um novo estudo efetuado por especialistas do Laboratório de Recursos Aéreos da NOAA tentou quantificar os efeitos deste processo pouco conhecido.
Uma erupção para a história
A erupção do vulcão Cosigüina em 1835 foi uma das erupções mais significativas do século XIX, notável pela libertação maciça de dióxido de enxofre (SO₂) para a atmosfera. Cobriu uma grande área da América Central e do México com uma nuvem de cinzas e pedra-pomes, e a erupção depositou cinzas tão longe como a Cidade do México, cerca de 1400 km a norte, e a Jamaica, 1300 km a leste. Além disso, a nuvem de partículas eruptivas obscureceu o sol num raio de 150 km.
Conocías de este dato?
— Paul Cruz (@Ku1989Paul) October 3, 2021
Hace 182 años así lucía el volcán Cosigüina con sus 4000 msnm, antes de hacer su última erupcion en 1835. La erupción más violenta en la historia reciente de Nicaragua fue el 22 de enero de 1835, protagonizada por este volcán. pic.twitter.com/ZbCo2ARHe5
O dióxido de enxofre, quando oxidado, forma aerossóis de sulfato que podem refletir a radiação solar, causando um arrefecimento temporário do clima da Terra. O estudo centra-se na quantificação da quantidade de enxofre emitida e na avaliação da sua influência no clima global.
Os investigadores utilizaram análises geoquímicas de amostras vulcânicas e dados de núcleos de gelo para estimar as emissões de enxofre. Utilizaram também modelos climáticos para simular o impacto destas emissões na temperatura global.
Os efeitos desta grande erupção
O estudo das amostras vulcânicas deste vulcão permite constatar um certo número de factos, tais como:
#Cráter y #Laguna del #Volcán #Cosigüina en #ElViejo #Chinandega. Durante su erupción en 1835 algunas partes del cráter formaron islotes en lo que hoy es el #GolfoDeFonseca. Las cenizas alcanzaron unos 1500 km hasta la ciudad de #México VISITA NICARAGUA pic.twitter.com/V0HfuRfgN5
— Visita Nicaragua (@VisitaNicaragua) March 23, 2018
- Emissões de enxofre: a erupção libertou cerca de 9 milhões de toneladas de SO₂, uma quantidade comparável à de outras grandes erupções históricas.
- Impacto climático: os modelos sugerem que esta libertação pode ter causado uma diminuição de até 0,5 °C na temperatura global no ano seguinte à erupção.
Um impacto climático semelhante ao do Pinatubo
A verdadeira extensão do Cosigüina não se limitou à América Central, e esta investigação confirma que a grande quantidade de dióxido de enxofre (SO₂) libertada para a estratosfera formou aerossóis de sulfato que refletiram a luz solar, contribuindo para o arrefecimento global temporário.
Como? Os registos históricos mostram uma diminuição da temperatura de cerca de 0,6 °C, em média, em todo o planeta nos anos que se seguiram à erupção.
É comparável ao impacto climático do Pinatubo, que provocou uma descida global de cerca de 0,5 °C durante cerca de dois anos na Europa, na Ásia e na América do Norte, com Verões mais frios, geadas não sazonais e prejuízos significativos para a agricultura.
Referência da notícia
Angell, J. K., and J. Korshover (1985), Surface temperature changes following the six major volcanic episodes between 1780 and 1980, J. Clim. Appl. Meteorol., 24, 937–951, doi:10.1175/1520-0450(1985)024%3C0937:STCFTS%3E2.0.CO;2.