A ESA está a trabalhar numa missão para explorar cavernas na Lua

A Agência Espacial Europeia tem vindo a desenvolver estudos com o objetivo de lançar missões de exploração de cavernas lunares. Estas missões podem vir a contribuir para o esforço de colonização permanente da Lua. Contamos-lhe mais aqui!

rover; Lua
A ESA poderá recorrer a rovers e sondas para a exploração das entradas das cavernas lunares.

A Agência Espacial Europeia (ESA) iniciou recentemente a terceira ronda de uma série de estudos que para a exploração de cavernas na Lua que se baseia no trabalho realizado em duas rondas anteriores de estudos Sysnova. Originalmente, abrangia cinco estudos que procuravam, por exemplo, uma forma de fazer descer uma sonda para dentro de uma caverna, e ainda de manter a comunicação e alimentação com quaisquer sondas que fizessem essa descida.

Dos cinco estudos originais Sysnova, a ESA arquitetou três "cenários de missão" - um para encontrar entradas de cavernas, outro para estudar minuciosamente a entrada de uma caverna, e outro para explorar um tubo de lava utilizando robots autónomos (rovers). A ESA decidiu então avaliar dois destes três cenários de missão, concentrando-se exclusivamente na exploração da entrada de uma caverna, mas combinando aspetos de todos os cenários originais.

A compreensão das entradas das cavernas lunares pode revelar-se inestimável para compreender os recursos naturais que podem estar disponíveis no mundo subterrâneo da Lua, e até mesmo para futuros exploradores do subsolo do nosso satélite natural. Estes estudos também constituem um papel-chave para perceber que tipo de proteção contra a radiação pode ser proporcionada pelo rególito lunar. Dependendo da sua eficácia, esta proteção pode ser fundamental na hora de determinar a localização de uma futura base permanente.

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Cavernas como estas (em Marte) poderão ser locais ideais para uma base permanente humana na Lua, protegendo os colonos da radiação oriunda do espaço. Créditos: NASA

Os vários planos da missão

O primeiro plano da missão está a cargo da Universidade de Würzburg, na Alemanha. Os investigadores desenvolveram uma sonda esférica que pode ser abaixada através da boca de uma caverna por uma grua ligada a um rover. A sonda estará protegida por um revestimento de plástico transparente e conterá um Lidar para mapeamento do terreno em 3D, uma câmara óptica e um dosímetro que permitirá à sonda detetar os níveis de radiação na entrada da caverna.

O segundo plano da missão consiste no desenvolvimento da energia e comunicação sem fios e será liderado pela Universidade de Oviedo, em Espanha. Neste cenário, uma "cabeça de carga" é anexada a uma grua instalada num rover, servindo posteriormente como forma de alimentar e comunicar diretamente com rovers autónomos, que não teriam uma fonte de energia interna própria. A energia que alimentará o rover e a cabeça de carga será fornecida pelos painéis solares ligados ao rover.

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A duração da missão para estas experiências seria planeada para um dia lunar, ou aproximadamente 14 dias terrestres. A ESA pretende integrar os resultados destas missões directamente a dois dos seus outros esforços de exploração lunar. Um deles, conhecido como European Large Logistics Lander (EL3), seria usado para ajudar a construir a infraestrutura necessária para uma presença humana permanente. Já a iniciativa designada Moonlight, tem como objetivo sistemas de comunicação e navegação sem fios para veículos de exploração lunar.

Ambas as missões propostas ainda estão numa fase conceptual, e nenhuma delas recebeu o financiamento total para algo próximo do planeamento de uma missão. No entanto, é evidente que o processo faseado da ESA está a fornecer valor mesmo antes de qualquer missão ser lançada - os conceitos que daí resultaram são novos e potencialmente executáveis com suficiente força de vontade e financiamento. As missões que chegaram até aqui no processo têm boas hipóteses de se tornarem realidade e contribuir para o esforço de colonização permanente da Lua.

Entretanto, nos Países Baixos, as equipas responsáveis vão trabalhar numa instalação da ESA chamada Concurrent Design Facility (CDF), onde terão acesso a computadores, sistemas multimédia e ferramentas de software para desenvolver os seus planos.