Dezembro foi muito chuvoso e o mais quente dos últimos 92 anos em Portugal

O mês de dezembro de 2022, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês extremamente quente em relação à temperatura do ar e muito chuvoso em relação à precipitação. E a situação de seca meteorológica, como está?

Calor e chuva
Dezembro 2022 foi um mês extremamente quente e muito chuvoso em Portugal continental.

Durante o passado mês de dezembro, Portugal continental esteve predominantemente sobre a ação de massas de ar quente, húmido e instável, por vezes com elevados conteúdos em água precipitável, num fluxo predominante de sudoeste ou oeste.

Temperatura

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de dezembro de 2022, o valor médio da temperatura média do ar, 12.72 °C, foi 2.76 °C acima do valor normal, sendo o mais alto desde 1931.

O valor médio da temperatura máxima do ar, 17.61 °C, foi superior ao valor normal com uma anomalia de + 1.99 °C, tornando-se o 2º mais alto desde 1931. O valor mais alto ocorreu em 2015 e foi 16.21 °C.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 9.58 °C, foi muito superior ao valor normal com uma anomalia de +3.53 °C, sendo o 2º valor mais alto desde 1931, a seguir a 9,99 °C, que se registou em 1989.

Anomalias da temperatura do ar
Anomalias da temperatura média do ar no mês de dezembro, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. Fonte: IPMA

Os desvios da temperatura mínima do ar, superiores a 3.5 °C em grande parte do território, tendo-se mesmo registado desvios superiores a 5.0 °C em algumas estações nos períodos de 12 a 14 e 19 a 25 e 29 e 30. A temperatura mínima do ar esteve quase sempre acima do valor normal, exceto nos primeiros 4 dias do mês.

O menor valor da temperatura mínima do ar foi -4.8 °C, registado em Lamas de Mouro no dia 4 e o maior valor da temperatura máxima, 25.5 °C, ocorreu em Aljezur, no dia 27.

Precipitação

Ainda de acordo com o IPMA, o valor médio da quantidade de precipitação, 250.4 mm, corresponde a 174% do valor normal, sendo o 2º valor mais alto desde 2000, a seguir a 311,5 mm em 2000.

Durante o mês ocorreram episódios de precipitação intensa, em particular nos dias 4 e 5, 7 e 8, 12 e 13 e nos últimos dias do mês, com ocorrência de inundações e cheias em vários locais do território, em especial na região da Grande Lisboa, vale do Tejo e Algarve.

Anomalias da precipitação
Anomalias da quantidade de precipitação, no mês de dezembro, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. Fonte: IPMA

Em algumas estações meteorológicas o total de precipitação mensal obtido corresponde ao maior valor para o mês de dezembro.

No dia 13 foram ultrapassados os extremos diários de precipitação (09h às 09h UTC) para dezembro, em 13 estações, tendo sido mesmo ultrapassado o extremo absoluto em 4 estações: Lisboa/IG (120.3 mm), Barreiro (83.4 mm), Almada (81.9 mm), Mora (98.8 mm).

Monitorização da Seca – Índice PDSI

A percentagem de água no solo aumentou significativamente em quase todo o território, exceto nalguns locais do Baixo Alentejo e Algarve e pontualmente no Alto Alentejo.

De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de dezembro verificou-se de novo uma diminuição da situação de seca meteorológica, que terminou em praticamente todo o território; apenas alguns locais da região interior Sul ainda se encontram em seca fraca (a classe de seca menos grave do Índice PDSI).

A distribuição percentual por classes do índice PDSI no território é a seguinte: 2.9% chuva extrema, 28.5% chuva severa, 33.3% chuva moderada, 10.3% chuva fraca, 18.5% normal, 6.5% seca fraca.