De norte a sul de Portugal: em que estado estão as albufeiras?

Após vários meses de seca extrema, Portugal continental passou a ser palco da precipitação abundante e das inundações frequentes, o que contribuiu para uma recuperação e crescimento exponencial do armazenamento da maioria das albufeiras. Contudo, algumas ainda estão em estado crítico. Saiba mais aqui!

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Barragem da Caniçada em dezembro de 2019. Em 2022, também foi registado um dezembro muito chuvoso que contribuiu imensamente para a recuperação das albufeiras em Portugal continental.

Graças a um mês de dezembro de 2022 incrivelmente chuvoso em Portugal continental, no qual foram vividas semanas repletas de chuva abundante, muitas vezes marcadas por terríveis cheias e inundações, eis que agora, de acordo com o último boletim semanal das albufeiras lançado pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), 44 das 75 albufeiras monitorizadas em Portugal continental possuíam um volume de armazenamento entre 81% e 100%.

Por exemplo, é de salientar a retoma da produção de energia elétrica na albufeira do Alto Rabagão, que era a única de 15 barragens que se mantinha suspensa, depois de um prolongadíssimo período de seca.

No entanto, as albufeiras de Campilhas, Monte da Rocha e Bravura, todas situadas no sul do país (Litoral Alentejano, Baixo Alentejo e Barlavento Algarvio, respetivamente) mantêm-se em estado crítico. Estas três albufeiras continuam a apresentar preocupantes níveis de armazenamento, inferiores a 20%.

Janeiro de 2023 com armazenamentos superiores à média

Na segunda-feira passada (2) as albufeiras apresentavam, à escala nacional, uma média de armazenamento de 82%. Na semana entre 26 de dezembro de 2022 e 2 de janeiro de 2023, o volume total armazenado aumentou 0,3%. No espaço de apenas uma semana, houve um aumento do volume armazenado em 11 bacias hidrográficas e a diminuição em 4.

"59% das albufeiras monitorizadas mostra disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 13% têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total" - lê-se no último boletim semanal do SNIRH-APA.

Segundo referido pelo SNIRH, “os armazenamentos na primeira semana de janeiro de 2023, por bacia hidrográfica, apresentam-se superiores às médias de armazenamento do mês de janeiro (1990/91* a 2021/22), exceto para as bacias do Mondego, Sado, Ribeiras do Alentejo, Mira, Arade, Ribeiras do Barlavento e Ribeiras do Sotavento”.

Apesar do estado crítico de algumas albufeiras, saliente-se que, do inverno climatológico (período de três meses), ainda só decorreu um mês, o de dezembro de 2022. Janeiro e fevereiro de 2023 poderão vir a tornar-se meses meteorologicamente fulcrais no que toca ao armazenamento de água nas albufeiras do Sul da nossa geografia continental.

Os maiores e menores armazenamentos de água em Portugal continental

As albufeiras de Campilhas e Monte da Rocha, ambas situadas na bacia hidrográfica do Sado, apresentam respetivamente 11% e 10% da sua capacidade, e a de Bravura, no Barlavento Algarvio, apenas 12% do volume total armazenado. E realce-se um dado ainda mais preocupante: a albufeira do Monte da Rocha cresceu apenas 1% em três meses.

“Eu vou dar um número que fala por si: do dia 1 ao dia 19 de dezembro, 44% da energia elétrica nacional foi a partir das centrais hídricas (…) Diria que estamos muito mais aliviados, isto é, temos água para cerca de dois, três anos, mesmo considerando os anos médios secos. É de facto uma ocupação fantástica." - José Pimenta Machado, vice-presidente da APA, em declarações à RTP1.

De acordo com o SNIRH-APA, as bacias do Lima e do Douro apresentavam na passada segunda-feira (2) um maior armazenamento de água (94,3%), seguindo-se o do Vouga (94,1%), Tejo (91,9%), Ave (89,2%) e Guadiana (85,1%). No extremo oposto, as bacias hidrográficas do Barlavento Algarvio (11,5%), Mira (36,9%), Arade (41,7%), Alentejo (43,4%), Sado (49%) e Sotavento Algarvio (57%) eram as que possuíam menos água na segunda-feira (2).