COP26 e o futuro de milhões de crianças

A UNICEF alerta que o futuro de milhões de crianças vai depender dos resultados da Conferência das Partes (COP26) a decorrer em Glasgow devido ao risco climático extremamente elevado.

Crianças
O futuro de milhões de crianças vai depender das decisões tomadas na COP26.

A UNICEF apresenta algumas propostas, como aumentar o acesso a serviços de água, saneamento e higiene, o que pode reduzir os riscos de 415 milhões de crianças.

COP26

A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC), que reúne anualmente os países (Partes) em conferências mundiais. Em 2021, a Organização das Nações Unidas (ONU), realiza a 26ª cimeira anual, COP26, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Glasgow, Escócia, no Reino Unido.

Esta cimeira teve início no passado dia 31 de outubro e irá durar até ao dia 12 de novembro com a presença de líderes mundiais, milhares de negociadores, representantes de governos, da indústria e dos cidadãos para discutir medidas a serem implementadas para manter o aquecimento global médio abaixo dos 1,5 ºC, limite definido na COP21 que se realizou em Paris em 2015.

A UNICEF e a COP26

A UNICEF (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância), órgão das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, defende que a COP26 deveria ter como objetivo a preocupação com o futuro das crianças. Cerca de mil milhões de crianças, quase metade de todas as crianças do mundo, vivem em 33 países classificados como de risco climático extremamente elevado.

As alterações climáticas representam uma grande ameaça para a saúde, nutrição, educação, desenvolvimento, sobrevivência e potencial futuro das crianças e dos jovens. A Diretora-executiva da UNICEF, Henrietta Fore, referiu na abertura da Conferência que "A COP26 deve ser a COP para as crianças".

Gases com efeito de estufa
É urgente a redução dos gases com efeito de estufa na atmosfera para desacelerar o aquecimento global.

Henrietta Fore declarou ainda que os líderes mundiais que estão na COP26 têm uma oportunidade importante e urgente de reconduzir o terrível caminho em que nos encontramos. Pediu ainda uma redução rápida e significativa das emissões de gases com efeito de estufa, já que o futuro de milhões de crianças depende disso.

A UNICEF ressalta que a ação na COP26 é algo imperativo e, por isso, faz um apelo aos países desenvolvidos, para que cumpram com a promessa de doarem 100 milhares de milhões de dólares por ano, para ajudarem nas questões climáticas.

A organização alerta que sem fontes de investimento para adaptação climática e melhoria dos serviços, milhões de crianças que nascerão nos próximos 30 anos correrão maiores riscos de sobrevivência e bem-estar. A agência lembra que melhorar a resiliência de serviços essenciais é o melhor investimento para reduzir riscos.

Estudo da UNICEF

Segundo a UNICEF, praticamente todas as crianças estão expostas a pelo menos um risco ambiental, desde a poluição do ar, a ondas de calor, ciclones, cheias e secas.

Seca
A escassez de água devido à seca afeta milhões de crianças.

O Índice de Risco Climático preparado pela UNICEF, apresentado no passado mês de agosto, revelou que 240 milhões de crianças e adolescentes estão altamente expostos a inundações costeiras, 400 milhões expostos a ciclones e furacões, 820 milhões estão expostos a ondas de calor, 920 milhões à escassez de água e um milhar de milhão a níveis muito altos de poluição do ar.

O estudo detalha também que os jovens que habitam a República Centro-Africana, Chade, Nigéria, Guiné e Guiné-Bissau são os mais expostos aos efeitos climáticos e, conclui que o melhor investimento para reduzir os riscos enfrentados pelas crianças é melhorar a resiliência dos serviços-chave dos quais dependem, como por exemplo, o acesso a água potável e a criação de serviços de saneamento amigos do clima.