Barragens com níveis elevados em abril: maioria das albufeiras acima dos 80% em Portugal Continental

A maioria das albufeiras de Portugal Continental terminou o mês de abril com volumes de armazenamento superiores a 80% da sua capacidade. Das 60 albufeiras monitorizadas, 51 apresentam uma situação confortável, mas persistem preocupações nas bacias do Mira e do Barlavento Algarvio.

Barragens e níveis de armazenamento em abril
Barragens registam nível elevados durante o mês de abril. Maioria das albufeiras regista níveis de armazenamento superiores a 80% em Portugal Continental.

O mês de abril de 2025 fechou com um panorama positivo em termos de armazenamento de água nas albufeiras de Portugal Continental. Segundo os dados divulgados pelas autoridades competentes, verificou-se um aumento do volume armazenado em 11 bacias hidrográficas em comparação com o final de março, enquanto apenas uma registou uma ligeira descida.

Estes números traduzem uma tendência de recuperação que se vinha consolidando nas últimas semanas, com influência direta das condições meteorológicas registadas ao longo do mês.

Maioria das albufeiras acima dos 80% em abril, mas Algarve continua em situação crítica

Das 60 albufeiras atualmente monitorizadas, 51 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total, um dado que revela um cenário confortável para a generalidade do território. Apenas uma albufeira se encontra abaixo dos 40%, o que constitui uma situação excecional face à média dos últimos anos nesta altura do calendário hidrológico.

Quando comparado com o mesmo período de anos anteriores, os armazenamentos médios de abril de 2025 por bacia hidrográfica são superiores aos valores médios observados entre 1990/91 e 2023/24, com duas exceções notáveis: a bacia do Mira e as Ribeiras do Barlavento Algarvio.

Estas regiões do Sul mantêm-se persistentemente abaixo dos níveis desejáveis, o que reforça a vulnerabilidade do território algarvio e alentejano face à irregularidade e escassez de precipitação.

Analisando os dados mais recentes, referentes ao dia 28 de abril de 2025, e comparando com o boletim semanal de 21 de abril, observa-se que 8 bacias hidrográficas registaram aumentos no volume armazenado, enquanto 7 tiveram diminuições. Esta variação semanal mostra um comportamento heterogéneo entre regiões, mas mantém a tendência geral de estabilidade ou crescimento.

A bacia do Douro destaca-se com um volume armazenado de 286,3 hm³, representando 94% da sua capacidade útil, muito próximo da média de 286,1 hm³ (95%). Também o Cávado se apresenta com níveis elevados (89,9 hm³, correspondendo a 91% da capacidade). No centro do país, a bacia do Mondego regista 128,0 hm³, o que corresponde a 91% da sua capacidade, ligeiramente acima da média histórica.

No Alentejo, a bacia do Guadiana mantém-se estável e com volumes significativos, com 2130,0 hm³ armazenados (94%). Este valor revela uma melhoria face a meses anteriores e posiciona-se acima da média de abril dos últimos 30 anos.

Já no Algarve, o contraste é evidente: nas Ribeiras do Barlavento, o armazenamento situa-se entre 19,4 e 20,4 hm³, valores muito abaixo das necessidades médias da região. No Sotavento, embora os valores sejam ligeiramente mais altos, a situação mantém-se frágil.

Reservas de água sobem em abril, mas Sul do país exige atenção redobrada

Em termos percentuais, o total armazenado nas albufeiras monitorizadas traduz-se numa taxa de 83% de albufeiras com volumes superiores a 80% do total. A única albufeira com menos de 40% da sua capacidade situa-se no sul do país, reforçando a necessidade de uma gestão aturada dos recursos hídricos nessas áreas mais vulneráveis.

Aumento do volume armazenado
Volume total armazenado de água nas barragens alcança os 94%. Este valor supera o mês anterior e aumenta 2 hm3 relativamente à passada semana. Imagem: SNIRH/APA

Apesar da evolução positiva verificada neste mês de abril, as autoridades alertam para a necessidade de manter medidas de uso eficiente da água, sobretudo no setor agrícola e turístico, especialmente nas regiões com défices estruturais. A variabilidade climática observada nos últimos anos torna cada vez mais incerta a evolução dos recursos hídricos e reforça a importância de um planeamento robusto e de soluções de adaptação.

A melhoria dos níveis de armazenamento em grande parte do território nacional é uma boa notícia no curto prazo, mas não dispensa uma abordagem de longo prazo, especialmente num contexto de alterações climáticas que tem vindo a provocar episódios extremos, alternando entre períodos de seca severa e precipitação intensa.

Com a aproximação dos meses mais secos, será essencial continuar a monitorizar de perto a evolução das reservas hídricas e reforçar políticas de educação e sensibilização para a poupança de água, de forma a garantir a resiliência dos territórios mais afetados.