Catástrofe no Japão

Mais de 200 pessoas morreram e dezenas desapareceram depois da ocorrência de chuvas torrenciais, nunca antes verificadas, na parte sudoeste do Japão, provocando cheias intensas e desabamento de terras.

Cheias históricas na parte sudoeste do Japão

Segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA), as chuvas intensas que afectaram a região mais a sudoeste e que ultrapassaram todos os registos anteriores, ocorreram no período de 28 de junho a 8 de julho, mas foi particularmente nos dias 7 e 8 de julho que houve registos de chuvas torrenciais. No domingo, dia 8 de julho, só em duas horas, caiu cerca de 1,5 vezes o valor médio do mês de julho.

Impacto das chuvas torrenciais

É de assinalar que a chuva intensa que caiu em toda a região, e sobretudo nas montanhas, provocou graves deslizamentos de terras e águas torrenciais a deslocarem-se a uma velocidade extrema, das montanhas para as zonas mais baixas, levando à frente tudo o que estava no caminho e inundando em segundos as regiões mais baixas. Foram as piores inundações no Japão desde há décadas.

O impacto foi extremamente grave, além da perda de vidas humanas, milhares de casas, carros e outros bens foram danificados ou destruídos. Serviços, tais como, linhas telefónicas, electricidade, transportes foram afectados ou interrompidos. Os impacto sócio-económicos são bastante elevados. Apesar da evacuação de cerca de 2 milhões de pessoas ainda houve muito gente que foi apanhada de surpresa. Este foi considerado o pior desastre meteorológico em 36 anos no Japão.

Regiões do Japão afectadas pelas chuvas torrenciais (Fonte: CNN)

Situação meteorológica

A chuva forte que se registou, considerada como um recorde histórico, foi devida a uma conjugação de factores meteorológicos que intensificaram o fenómeno. Uma superfície frontal muito activa era alimentada por uma massa de ar ainda com restos do Tufão Prapiroon e por uma massa de ar muito quente e húmido vinda do Pacífico, que reforçou a intensidade da precipitação.

Pode considerar-se que o padrão da situação meteorológica que originou este desastre é muito semelhante ao que ocorreu exactamente há 1 ano atrás no Japão, em que também perderam a vida dezenas e dezenas de pessoas.

Onda de Calor

Pouco depois das inundações e dos desastres devido às chuvas fortes no início de julho, uma intensa onda de calor atinge o Japão. De acordo com a Agência Meteorológica do Japão (JMA), das 927 estações meteorológicas que constituem a rede nacional de observação, 200 estações registaram no dia 15 de julho temperaturas máximas superiores a 35°C.

Mudança climática

Os fenómenos extremos têm vindo a ser cada vez mais intensos e segundo muitos especialistas de desastres naturais, em relação à precipitação, há tendência para as chuvas serem cada vez mais intensas devido ao aquecimento global.

Segundo Takashi Okuma, um professor famoso da Universidade de Niigata do Japão e especialista em desastres naturais, o governo japonês está a começar a aperceber-se que é necessário criar medidas urgentes para mitigar o impacto do aquecimento global.

Equipas de salvamento em ação após o desastre (Fonte: Reuters)

Serviços de Protecção Civil no Japão

Apesar do aviso de chuva forte por parte do JMA, os serviços locais de proteção civil, considerado como um dos melhores a nível mundial, nada podiam fazer a não ser dar ordem de evacuação à população. Após este desastre debate-se se o sistema de avisos do país é o adequado e se deveria ser melhorado. Este sistema contém muitas categorias de alerta e as pessoas não reconhecem facilmente quando é altura para evacuação.