Aves, orcas, tubarão-frade e baleia-anã são alguns dos novos moradores do parque eólico de Viana do Castelo
Cinco anos após iniciar a operação, o WindFloat Atlantic tem agora uma espécie de reserva artificial para a vida marinha, com 270 espécies já identificadas.

Inaugurado em setembro de 2020, o WindFloat Atlantic foi o primeiro parque eólico flutuante da Europa Continental. Encontra-se localizado na costa de Viana do Castelo e tem capacidade para fornecer energia renovável suficiente para satisfazer as necessidades energéticas de cerca de 60 mil famílias.
Cinco anos após o arranque do projeto, o parque eólico ganhou também uma outra função, com mais vida marinha a coabitar as águas costeiras ou até mesmo a fazer das estruturas submergíveis o seu novo habitat.
WindFloat Atlantic é agora uma espécie de reserva de biodiversidade para cerca de 270 espécies já identificadas
Os números constam do relatório da Ocean Winds – acionista maioritária do projeto -, que descreve observações frequentes de mamíferos marinhos, como golfinhos-comuns, orcas, baleias-anãs e até um tubarão-frade, o segundo maior do mundo e ameaçado de extinção, já foi avistado ao largo de Viana de Castelo.
As descargas de peixe que são desembarcadas no porto também não diminuíram desde que o parque offshore iniciou a sua atividade, acrescenta o relatório. A monitorização da equipa da Ocean Winds permitiu por isso concluir que cerca de 270 espécies encontraram um habitat nestas águas atlânticas, conseguindo coexistir com as plataformas flutuantes de forma bem-sucedida.

Entre a biodiversidade registada, os autores do relatório destacam sete espécies exóticas, quatro de flora e três de fauna. Foram observadas um total de 33 espécies diferentes de aves, com 17 registadas durante os estudos iniciais e 31 durante os estudos operacionais, tendo sido ainda avistadas cinco espécies de mamíferos marinhos.
O projeto parece, portanto, estar a funcionar não somente como um abrigo, mas também como uma zona de alimentação, principalmente para peixes e polvos.
De acordo com o relatório, foram detetadas espécies exóticas agarradas às paredes das secções submergidas das plataformas. “Estas fazem parte das comunidades bentónicas que normalmente crescem em substratos sólidos, o que inclui, por exemplo, mexilhões, estrelas-do-mar, algas e muitos outros animais e vida marinha”, lê-se no documento.
A Ocean Winds está também a realizar estudos contínuos para desenvolver uma análise integrada da biodiversidade dentro do parque eólico offshore e sobre as descrições relacionadas com o apoio às atividades pesqueiras.
Esta monitorização, em particular, começou em 2023 e está em constante atualização, com a inclusão de todos os estudos legalmente obrigatórios, além de campanhas adicionais focadas na melhor compreensão da vida marinha, peixes, invertebrados e plâncton.
As maiores turbinas eólicas do mundo estão em Viana do Castelo
Construída entre 2018 e 2020, o parque eólico marítimo consiste em três turbinas eólicas, suportadas por em três plataformas flutuantes semi-submersíveis. A sua estrutura - com uma altura de 30 metros - dispõe das maiores turbinas eólicas do mundo instaladas numa superfície flutuante, cada uma com capacidade de produção de 8,4 MW.

Em cinco anos o projeto obteve uma produção acumulada de 345 GWh, o valor suficiente para abastecer 25 mil lares portugueses anualmente. A eletricidade gerada tem vindo a aumentar todos os anos, tendo iniciado nos 78 GWh (em 2022) e alcançado os 86 GWh em 2024, evitando mais de 33 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO₂).
Referência da notícia
Ocean Winds celebrates 5 years of the WindFloat Atlantic floating offshore wind farm. https://www.oceanwinds.com/