Animais militares: da Primeira Guerra à atualidade

A história dos animais no exército é surpreendente e desconhecida. Há golfinhos militares na guerra, pombos na Grande Guerra, assim como cães em muitas outras batalhas. Saiba mais aqui!

Animais de guerra; animais militares
Os animais estão ao lado da Humanidade há milénios, chegando até a decidir guerras.

A vida militar, com o seu ênfase em comportamento disciplinado e uniforme, é um lugar difícil para quem se quer destacar, mas há quem o consiga, e nem sempre são pessoas. Nalguns casos, os animais fazem carreira nas Forças Armadas, e chegam mesmo a ganhar homenagens e medalhas.

São escolhidos pelo seu faro apuradíssimo, agilidade, resistência e, acima de tudo, pela sua inteligência que os tornaram, às vezes, mais adequados do que qualquer máquina.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os gatos eram usados para detetar a presença de gás nas trincheiras e animais como cavalos, elefantes, mulas, camelos e veados eram utilizados como meio de transporte ou para combate em guerras (transportando homens ou mercadorias).

Lin Wang foi um veterano da Segunda Guerra Mundial, tendo lutado tanto do lado japonês quanto do lado chinês na Segunda Guerra Sino-Japonesa (uma guerra entre China e Japão). E era um elefante.

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A sua tarefa era puxar canhões para o exército japonês no meio das selvas de Burma, até que a sua unidade foi derrotada pelas tropas chinesas, em 1943. Ele continuou então sua carreira militar sob o comando dos chineses, até o fim da guerra.

Nemo A534 foi um pastor alemão com uma carreira heroica na Guerra do Vietname. Cães sentinela, como Nemo, eram, e são atualmente, muito valiosos. Eles conseguem perceber a aproximação do inimigo bem antes dos seus companheiros soldados. Também são úteis num eventual ataque, para patrulha, transporte de mensagens, guarda de objetos secretos e deteção de minas.

Nada bate a Natureza

No entanto, apesar de toda a tecnologia de ponta, e da perspicácia dos animais em terra, nada bate a capacidade dos mamíferos marinhos em encontrar coisas no oceano.

Em 2014, de acordo com as notícias avançadas pela CNN, quando a Rússia invadiu a Crimeia também se apoderou da unidade militar ucraniana que incluía golfinhos. Os "golfinhos de combate" ucranianos, com base em Sebastopol, foram treinados para localizar e identificar minas submarinas ou nadadores indesejados que tentam aceder a zonas interditas, afirma a agência de notícias russa RIA Novosti.

Golfinhos
A Rússia enviou golfinhos treinados durante a invasão da Ucrânia para proteger uma base naval do Mar Negro. Fonte: USNI News.

A utilização de mamíferos marinhos para fins militares não é exclusiva da Rússia, a Marinha dos Estados Unidos tem um programa semelhante desde a década de 1960. A capacidade desses animais em detetar e encontrar alvos a grandes profundidades ou em águas turvas é algo que a tecnologia ainda não consegue replicar, mas que os militares consideram muito valiosa.

Isto acontece porque o sonar dos golfinhos é muito apurado. Os golfinhos e os seus parentes, como as orcas, enviam uma série de sons que fazem ricochete nos objetos e nos ambientes circundantes. Os mamíferos captam os ecos de retorno e formam uma imagem acústica do seu ambiente, uma habilidade conhecida por ecolocalização.

“Os golfinhos são melhores do que qualquer máquina a detetar minas” - Paul Nachtigall, chefe do programa de investigação de mamíferos marinhos da Universidade do Havai, em Kane'ohe Bay.

Os leões-marinhos, apesar de não possuírem capacidades de sonar, têm uma visão excelente, são realmente bons a encontrar coisas fora do lugar, como equipamento perdido.

Em 2019, uma baleia branca (beluga) aproximou-se de forma curiosa de um barco de pesca nos mares noruegueses. A tripulação verificou que ela estava a usar um cinto que dizia "Equipa de São Petersburgo". Por esse motivo, suspeitava-se que poderia fazer parte das tropas militares de animais marinhos da Rússia.

Por esta razão, o animal, a quem deram o nome de Hvaldimir, continuou a circundar pela área, aproximando-se cada vez mais de todos os tipos de barcos.

Estava claro que os humanos não a preocupavam, no entanto, precisamente porque ela estava tão habituada aos seres humanos, encontrava-se em sério perigo; por um lado, porque poderia ser ferida pelas hélices dos barcos, por outro, porque não se sabia alimentar, começando a perder peso. Hoje, de acordo com o IFLScience, está sob os cuidados da Direção Norueguesa de Pescas.

Mesmo assim, é mais um exemplo dos danos que a libertação de animais marinhos que não conhecem nada além do cativeiro, pode causar. Tanto esta baleia branca, como os golfinhos militares, as focas ou os leões marinhos, podem acabar por sofrer esse destino, ou ainda pior. Não vale a pena o risco, mas é difícil passar para quem não pensa duas vezes antes de começar uma guerra.