A expansão urbana continua a aumentar à custa da natureza na Europa

A ocupação dos solos e a impermeabilização dos mesmos com asfalto, betão ou edifícios aumentou nas áreas urbanas da Europa na última década, segundo a Agência Europeia do Ambiente. A biodiversidade sofre impactos negativos, existindo também uma maior dificuldade na adaptação às alterações climáticas.

expansão urbana; urban sprawl; europa
Com prejuízo para o espaço natural, a expansão urbana continuou a aumentar entre 2012 e 2018, de acordo com novo relatório da Agência Europeia do Ambiente (EAE).

Segundo o relatório “Land take and land degradation in functional urban áreas” da Agência Europeia do Ambiente (EAE, siglas em inglês), no qual são analisados novos dados do Atlas Urbano do Serviço de Monitorização do Território do Copernicus, estes centram-se nas alterações do uso do solo e nas tendências socioeconómicas em 662 áreas urbanas funcionais - cidades e respetivas zonas pendulares - na União Europeia (UE) e no Reino Unido.

Estas áreas representam 23% do território terrestre e albergam 75% da população da UE e do Reino Unido.

Entre 2012 e 2018, a ocupação do solo nas áreas urbanas da UE e do Reino Unido aumentou em 3.581 km2 e a impermeabilização do solo aumentou em cerca de 1.467 km2, a maior parte à custa de terras de cultivo e pastagens.

A impermeabilização do solo causou uma perda de potencial sequestro de carbono, estimada em 4,2 milhões de toneladas de carbono durante o período de monitorização.

youtube video id=Nz5DlTnJlDM

Quase 80% das terras estão em zonas pendulares, frequentemente importantes para a vida selvagem, sequestro de carbono, proteção contra inundações, e fornecimento de alimentos e fibras, recorda o relatório da AEA. As zonas pendulares têm muito mais áreas artificiais por pessoa do que as cidades, o que significa que a sua utilização do solo é menos eficiente.

Para além das pressões sobre a natureza, os habitats nas áreas urbanas ficam fragmentados devido à ocupação do solo e, com uma dimensão média de 0,25 km², são cerca de quatro vezes menores do que nas áreas rurais.

Uma Europa cada vez mais vulnerável a catástrofes naturais

O relatório da AEA avisa que continuar a ocupar o solo destrói a biodiversidade e torna a Europa cada vez mais vulnerável a catástrofes naturais. Parar a degradação do solo e restaurar as zonas húmidas, turfeiras, ecossistemas costeiros, florestas, prados e terras agrícolas é fundamental para prevenir o declínio da biodiversidade e para a adaptação às alterações climáticas.

Mensagens semelhantes foram salientadas recentemente no segundo relatório Global Land Outlook da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.

A fim de prevenir o declínio da biodiversidade e promover a adaptação às alterações climáticas, a AEA insiste na interrupção da degradação do solo e na restauração de zonas húmidas, turfeiras, ecossistemas costeiros, florestas, prados e terras agrícolas.

Atualmente, não existe um objetivo político juridicamente vinculativo em relação à ocupação de terras e à impermeabilização dos solos à escala da União Europeia. Contudo, a nova estratégia dos solos da UE para 2030 apela aos Estados-Membros para que estabeleçam metas de ocupação do solo para 2030, com o objetivo de atingir a neutralidade da ocupação do solo até 2050.