Tempo na próxima semana: Portugal exposto a um "carrossel" de frentes frias

Não se prevê chuva em todo o país, mas poderá ser localmente forte nalgumas regiões de Portugal. Além disso, ocorrerão mudanças constantes na temperatura e haverá períodos de vento forte devido à passagem das frentes.

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Próxima semana poderá ser marcada por tempo muito variável em Portugal. Que revela a previsão meteorológica?

Esta sexta-feira (17) uma outra frente fria produziu nebulosidade - mais carregada na metade setentrional de Portugal continental, e menos na central e austral – descida da temperatura e precipitação fraca em quase todo o país, exceto no Minho e nos distritos do Porto, Vila Real e Viseu onde, durante breves períodos, caiu moderada e persistente.

Durante o fim de semana as nuvens deverão diminuir gradualmente em grande parte da nossa geografia. Contudo, nalguns pontos do Norte e Centro do país a nebulosidade manter-se-á a média e baixa altitude. Esta situação de estabilidade durará alguns dias, mas tudo indica que será bastante curta.

O panorama meteorológico a que temos vindo a assistir ultimamente, caracterizado por curtos períodos de estabilidade e temperatura elevada, aos quais se sucede a travessia de uma frente ou mais, poderá repetir-se com alguma frequência nos dias que se seguem. Normalmente isto é provocado por uma NAO +, padrão de teleconexão que deverá estar vigente nos próximos dez dias.

NAO positiva: o que é e o que significa estar positiva? A NAO nasce da diferença de pressão em diferentes camadas que existe entre a área de altas pressões situada nos Açores e a área de baixas pressões posicionada sobre a Islândia. Quando a mencionada diferença é maior do que a que é normal, a NAO assume um valor positivo e o fluxo zonal de oeste intensifica-se no Atlântico Norte.

Para o início da próxima semana, segunda (20) e terça-feira (21), prevê-se um estado do tempo estável, em geral seco, nublado ou parcialmente nublado nalgumas regiões, mas com boas abertas e por vezes céu limpo na maioria da geografia continental.

Esta situação meteorológica será proporcionada por um anticiclone situado muito a sudoeste do Algarve, e além disso, a temperatura deverá registar valores mais elevados do que o normal para esta altura do ano. Para se ter uma ideia, a máxima prevê-se igual ou superior a 20 ºC na maioria das principais cidades e regiões, de Coimbra para sul.

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Na segunda metade da próxima semana, uma boa parte de Portugal continental poderá estar exposta à passagem de sucessivas frentes.

Contudo, a primeira das frentes frias do mencionado “carrossel” de frentes ao qual Portugal estará exposto, poderá quebrar o tempo calmo até então vivido, a partir de quarta-feira (22). Espera-se precipitação fraca, mas apenas no litoral Norte entre os distritos de Viana do Castelo e do Porto, bem como períodos de vento moderado a forte de Sudoeste, sobretudo no litoral Norte e nas terras altas do interior Norte.

Esta frente poderá, além disso, produzir nebulosidade generalizada a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e uma descida nos termómetros ao abrir caminho para uma massa de ar mais fresca.

Neste momento, os mapas do nosso modelo de referência (ECMWF) sugerem que esta primeira frente fria, bastante frágil, não seja a única. Com a provável deslocação das baixas pressões para as proximidades das Ilhas Britânicas e o anticiclone situado a sudeste dos Açores, um forte fluxo de oeste irá canalizar-se para o Sudoeste da Europa (Portugal e Espanha, grosso modo) e Oeste do referido continente.

Analisando a potencial situação sinótica, o primeiro olhar dá-nos a entender que as depressões estarão demasiado afastadas para provocar chuva abundante e generalizada.

Ainda assim, as frentes associadas chegarão a várias regiões de Portugal em meados da próxima semana, provavelmente entre quarta (22) e sábado (25), com o pico da acumulação pluviométrica a poder ocorrer na quinta (23) e na sexta-feira (24). Nalgumas áreas geográficas favoráveis à retenção de nuvens e chuva, não se descarta o risco de uma precipitação mais forte e persistente.

Vento forte e chuva irregular, exceto talvez no Norte

Numa previsão a médio prazo – como esta – é muito difícil diferenciar regiões ou estruturas de âmbito meteorológico a pequenas escalas, mais regionais ou locais. Mesmo assim, sabe-se que existe um forte fluxo de oeste, por vezes de sudoeste, contudo sem centros de baixas pressões demasiado perto (estarão nas redondezas das Ilhas Britânicas).

A chuva será um dos protagonistas meteorológicos mais importantes na Região Norte (sobretudo a oeste da Barreira de Condensação - Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real e Viseu) e também nalguns pontos da Região Centro, especialmente nos de maior altitude e montanhosos (Serra da Estrela). As Regiões de Aveiro, Coimbra, Nordeste Transmontano, Beira Alta e Beira Baixa registarão precipitação muito menos intensa e mais irregular e dispersa. Do Tejo para sul, prevê-se uma acumulação bastante residual ou nula.

Realce-se que, quer em relação à acumulação pluviométrica, quer em relação à intensidade do vento, só será possível prever com aproximação à realidade quanto mais próximos das mencionadas datas estivermos. Neste momento é apenas uma projeção de médio prazo que pode alterar-se a qualquer instante, fator que é agravado por já estarmos na primavera climatológica, a estação do ano mais variável por excelência no âmbito da Meteorologia.

Além da chuva, um dos outros protagonistas meteorológicos aos quais haverá que prestar atenção e cuidado, será o vento. É possível que abarque mais território que a chuva, antecipando-se períodos de forte intensidade, sobretudo nas Regiões Norte e Centro, tanto no litoral como nas terras altas e áreas de montanha de qualquer região. Ainda assim, nas regiões do Alentejo e Algarve o vento deverá soprar bem mais fraco, exceto no distrito de Portalegre onde deverá surgir moderado por vezes.