Tempo em Portugal esta semana: o inverno promete ainda mais rigor, com entradas de ar polar, chuva e neve

Nos próximos dias haverá uma sucessão de massas de ar polar e a passagem de vários sistemas frontais em Portugal continental, esperando-se precipitação sob a forma de chuva e neve em várias regiões. Descubra aqui em quais.

Nas últimas 24 horas testemunhou-se a passagem de um tempo relativamente ameno associado à chegada de uma frente atlântica e ao vento de sudoeste para um tempo consideravelmente mais frio provocado pela chegada de uma massa de ar polar. Isto deveu-se, essencialmente, a uma depressão que se adentrou pela França e que favoreceu a mudança de direção dos ventos em Portugal continental, que passaram a soprar de norte e noroeste, permitindo o transporte da mencionada massa de ar polar até à nossa geografia.

Assim, esta segunda-feira (26), as temperaturas desceram de maneira significativa em praticamente toda a extensão continental de Portugal, com fortes rajadas de vento e queda de alguns aguaceiros de neve acima dos 800/1000 metros de altitude. Entretanto, após alguns períodos de aguaceiros intercalados com bons períodos de sol, tem imperado um céu geralmente nublado mas sem precipitação.

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Esta semana o tempo vai ficar ainda mais frio em Portugal continental devido à provável chegada de várias entradas de ar polar.

Terça e quarta-feira serão dias frios e ventosos, mas sem chuva e neve

Nos próximos dois dias - terça-feira (27) e quarta-feira (28) - o ar polar já não estará tão instalado no território de Portugal continental, mas, mesmo assim, com a influência das altas pressões, estarão reunidas as condições meteorológicas de estabilidade para se viver um estado do tempo frio, com o rigor típico do inverno.

O deslocamento do anticiclone rumo a leste, em direção à Península Ibérica, propiciará o referido tempo estável, com períodos nublados e possibilidade de bons períodos de sol. Embora não se vislumbre precipitação sob a forma de chuva ou de neve, as temperaturas estarão frescas de dia e frias ou gélidas de noite.

O vento proveniente do quadrante norte soprará moderado a forte, agravando a sensação térmica de frio, sobretudo no dia em que, de um modo geral, se prevê que esteja mais intenso (na terça, 27 de fevereiro).

O que é sensação térmica?
A sensação térmica trata-se de uma perceção do ar que pode diferir muito da temperatura real, pois fatores como a humidade relativa do ar, radiação solar e a velocidade de propagação do vento alteram a transferência de energia (calor) entre o meio ambiente e o corpo.

Amanhã (27) as rajadas poderão atingir 75 km/h, em especial no litoral oeste a sul do Cabo Carvoeiro. Além disto, estima-se a formação de geada em alguns locais do interior Norte e Centro. Por último, mencione-se a existência de vários avisos amarelos e laranja no Continente que estão ativos devido à previsão de vento intenso e forte agitação marítima. Pode consultá-los aqui.

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A partir de quinta-feira (29) prevê-se a chegada de mais sistemas frontais ao nosso país. Além da precipitação sob a forma de chuva, também se estima a possibilidade de queda de neve nalguns locais do Norte e Centro.

Segunda metade da semana com novas frentes e a possibilidade de chegada de mais entradas de ar polar

Durante o dia de quinta-feira (29) prevê-se a chegada de uma nova frente. Atravessará o nosso país, descrevendo uma trajetória noroeste-sudeste. No entanto, uma grande parte da precipitação não será capaz de dobrar o sistema montanhoso Montejunto-Estrela, pelo que a chuva deverá acumular somente nas Regiões Norte e Centro.

Assim sendo, a maioria das regiões a sul do Tejo registará precipitação muito residual ou até mesmo nenhuma. Não se exclui a possibilidade de trovoadas isoladas, bem como de aguaceiros de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela. Espera-se uma ligeira descida das temperaturas máximas no Norte e Centro e uma pequena subida das mínimas globalmente.

Na sexta-feira, 1 de março, o vento soprará fraco a moderado de noroeste durante grande parte da jornada, mas aumentará de intensidade e mudará de quadrante (sudoeste) nas zonas setentrionais e centrais de Portugal continental, atuando como um prefácio da chegada da chuva.

Sexta-feira, 1 de março, será um dia geralmente estável que amanhecerá pouco nublado. Porém, à medida que as horas forem passando, a nebulosidade incrementará nas Regiões Norte e Centro e, nas últimas horas de sexta-feira (1) um novo sistema frontal chegará ao Minho (Viana do Castelo, Braga), Alto Tâmega e Barroso (Vila Real) e Douro Litoral (Porto). As temperaturas máximas praticamente não deverão sofrer alterações, todavia, estima-se que as mínimas desçam ligeiramente.

A atual previsão para o fim de semana mostra a aproximação de uma depressão, mas a incerteza é elevada

De acordo com o nosso modelo de referência (ECMWF), durante o fim de semana - o primeiro da primavera climatológica (início a 1 de março) - aproximar-se-ia uma nova depressão, com uma frente que deixaria precipitação no Norte e Centro (e possivelmente de maneira dispersa nalgumas zonas do Alentejo). O vento rodaria para noroeste e as temperaturas desceriam devido à nova entrada de ar polar marítimo. Tampouco se exclui a possibilidade de mais queda de neve, no entanto, a incerteza em torno de todo este cenário meteorológico ainda é elevada.

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Esta é a atual previsão de chuva acumulada até à meia-noite do próximo domingo, 3 de março, em Portugal continental. Alguns pontos do Minho poderão ultrapassar os 50 mm de precipitação acumulada.

Entre quinta (29) e até à meia-noite de domingo (3), os mapas de previsão mais recentes apontam para que os registos mais abundantes de chuva se concentrem nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e a oeste da Barreira de Condensação, esperando-se valores mínimos de precipitação acumulada de 15 mm e máximos de até 55 mm. A sul do Tejo prevê-se que a chuva acumulada seja substancialmente inferior (entre 1 e 15 mm).

Até domingo (3), as serras e montanhas portuguesas poderão ‘vestir-se’ de branco, apesar da grande incerteza que ainda persiste em relação a esta previsão. Caso o cenário previsto pelo modelo Europeu se concretize, as acumulações de neve variariam entre 0,2 e 5 cm nas serras da Peneda-Gerês, eixo montanhoso Alvão-Marão-Montemuro, serras do Nordeste Transmontano (Bragança) e serras que compõem a Cordilheira Central (Coimbra, Guarda e Castelo Branco).