Tempo em Portugal dentro de poucos dias: um rio atmosférico “contribuirá” para mais de 100 mm nestas regiões

Nos próximos dias o anticiclone afastar-se-á e as frentes e depressões terão via aberta para Portugal continental, "ajudadas" por um rio atmosférico de humidade. Prevê-se chuva abundante na segunda metade da semana, com acumulações superiores a 100 mm. Saiba onde.

Após um longo período dominado pelo anticiclone (quase três semanas), ocorrerão mudanças significativas e generalizadas do ponto de vista meteorológico em Portugal continental. A partir de segunda-feira (5) a crista retirar-se-á para oriente, deixando o nosso país exposto à chegada de frentes e depressões atlânticas. A meio da semana o anticiclone de superfície também irá abandonar a nossa geografia, permitindo que entremos no raio de ação de um centro de baixas pressões, com as suas frentes associadas.

Como se isto não bastasse, a chegada de um rio atmosférico procedente de latitudes subtropicais e que praticamente ligará as Caraíbas à Península Ibérica, atravessará o oceano Atlântico, trazendo massas de ar repletas de humidade e com um elevado potencial para precipitação forte e abundante. Este fluxo muito húmido irá combinar-se com uma advecção de ar polar e com a presença próxima de depressões.

Um rio atmosférico vai reforçar a chuva em Portugal continental

Os mapas de tendência semanal do nosso modelo de referência (ECMWF) não deixam margem para dúvidas, dado que se observam anomalias de precipitação positivas de norte a sul de Portugal continental. A semana será chuvosa e instável no nosso país, incluindo as regiões a sul do Tejo. As anomalias mais elevadas são esperadas, como não podia deixar de ser, no Minho e Douro Litoral, sendo que o resto da Região Norte e parte da Região Centro também deverão ser substancialmente regadas.

rio atmosférico Portugal
Entre quarta (7) e quinta-feira (8) um rio atmosférico de humidade chegará a Portugal continental, atuando como um "combustível" para a precipitação gerada pelas frentes atlânticas.

Até mesmo nas regiões mais meridionais - isto é - Alentejo e Algarve - se prevê chuva acima da média climatológica de referência. São excelentes notícias para estas regiões, sobretudo a do distrito de Faro, que numa altura crítica de crise da água, precisa, mais do que nunca, de precipitação.

Já nos Arquipélagos, por um lado teremos o dos Açores, que registará bastante chuva e portanto anomalias de precipitação positivas em todas as suas ilhas. Este panorama irá contrastar fortemente com a única unidade territorial portuguesa que na semana de 5 a 12 de fevereiro não deverá registar precipitação significativa: o Arquipélago da Madeira. Isto não quer dizer que não chova. Simplesmente significa que a precipitação que cair não será nem acima, nem abaixo da média.

Para algumas regiões preveem-se acumulações superiores a 100 mm

A chuva poderá ser forte, abundante e assumir um carácter persistente nalgumas regiões tais como o Minho (Viana do Castelo e Braga) e o Douro Litoral (Porto) onde se preveem acumulações superiores a 100 mm. A região minhota, em particular, voltará a comportar-se como o “penico” de Portugal perante os ventos marítimos de Sudoeste, carregadíssimos de humidade.

As zonas a oeste da Barreira de Condensação e a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela não irão ficar para trás, pois aí também se preveem acumulações consideravelmente elevadas, entre 60-90 mm.

Minho, Douro Litoral, Região de Aveiro e algumas zonas montanhosas serão as regiões que mais chuva irão receber na próxima semana, acumulando previsivelmente mais de 100 mm.

As serras e montanhas irão naturalmente acumular quantidades expressivas devido à sua maior capacidade de retenção de nebulosidade e precipitação. Por outro lado, uma boa parte de Trás-os-Montes e da Beira Alta não irá além dos 30 mm acumulados. Para Baixo Alentejo e Algarve, as perspetivas de precipitação são boas no contexto atual que estas regiões vivem, mas as quantidades previstas são substancialmente inferiores às do resto do país, variando entre 20 e 30 mm.

A frente mais ativa, reforçada pelo rio atmosférico que chegará do Atlântico, entrará no Minho na madrugada de quinta-feira (8), deixando chuva de norte a sul de Portugal continental. Depois, na sexta-feira (9), um novo sistema frontal “varrerá” o nosso país de oeste para leste. Quanto ao fim de semana do Carnaval (10 e 11 de fevereiro), espera-se uma descida da cota da neve, o que possivelmente traria queda de neve à Serra da Estrela e a alguns pontos das serras do extremo norte.

Uma semana em geral muito amena, mas com provável descida das temperaturas na reta final

Uma parte significativa da semana será bastante amena em todo o território do Continente graças aos ventos húmidos e temperados provenientes do Atlântico. Começará com temperaturas máximas de 18 ºC/19 ºC/20 ºC nas Regiões Centro e Sul (Açores com panorama térmico semelhante de dia), mas ligeiramente mais frescas na Região Norte. A Madeira iniciará a semana com temperaturas iguais ou superiores ao patamar dos 20 ºC.

Até quarta-feira (7) as temperaturas irão manter-se acima da média no período diurno. A partir de quinta-feira (8) começarão a descer.

Estas temperaturas manter-se-ão mais ou menos estáveis, sem grandes oscilações, até ao dia de quinta-feira, 8 de fevereiro. A partir desse dia, prevê-se uma descida térmica significativa, que será ainda mais evidente no fim de semana do Carnaval.

Aliás, no fim de semana do Carnaval, as temperaturas mínimas irão descer para valores entre 0 e 6 ºC no interior Norte e Centro (Bragança, Vila Real, Viseu e Guarda). No litoral, as mínimas deverão oscilar entre 6 e 14 ºC. Ao longo do fim de semana de Carnaval, o vento mudará de direção, esperando-se a chegada de uma massa de ar mais frio que produzirá uma descida significativa das temperaturas em toda a geografia do Continente.