Super anticiclone agrava seca em Portugal: quando volta a chover?

O mês de janeiro está a chegar ao fim, e de momento, não há perspetivas que apontem para a mudança radical do tempo. Contudo, esta semana estão previstos aguaceiros e areias em suspensão nalgumas regiões. O que vai acontecer? Contamos-lhe tudo aqui!

geada; frio; sol; inverno
A ausência de chuva está a contribuir para o agravamento da seca meteorológica. Além do sol e do frio em Portugal continental, imperam as geadas e o gelo no interior do país.

Estamos na reta final do mês de janeiro e sem qualquer perspetiva de uma mudança radical do panorama meteorológico. De facto, o estado do tempo tem estado envolto num imenso marasmo, seco e frio, provocado por um potente bloqueio anticiclónico que nos vai acompanhar durante mais alguns dias.

Aguaceiros no sul do país e precipitação de volta à Madeira

A semana arrancou com poucas alterações em relação aos dias anteriores. O fluxo de Leste e a presença de algum ar frio em altitude que desliza pelo flanco sul do anticiclone originou um panorama nublado e a queda de alguns aguaceiros nesta madrugada de segunda-feira. Isto ocorreu no distrito de Beja e em pontos da região do Algarve. E se, por um lado a Península Ibérica e outros países europeus estão a receber pouca chuva, o potente anticiclone que não dá sinais de enfraquecimento, está a fazer com que a corrente de jato canalize violentas tempestades de neve para países como Grécia e Turquia.

No entanto, nas restantes regiões de Portugal continental o ambiente continuará incrivelmente estável, extremamente seco e frio, com temperaturas diurnas sem grandes variações. Realce-se as temperaturas mínimas negativas de até -3 ºC em Trás-os-Montes e Alto Douro (Bragança, Vila Real) e na Beira Alta (Guarda), onde se prevê mais formação de gelo e geada esta terça-feira.

Saliente-se também a presença da calima (termo em espanhol) entre o Tejo e o Algarve. Este fenómeno natural deixará o céu ligeiramente esbranquiçado sobre esses territórios até terça-feira, graças ao transporte de partículas naturais, com origem em regiões áridas (Deserto do Saara). Na Madeira haverá aguaceiros irregulares entre hoje e quarta-feira, com nortadas fortes. Nos Açores o panorama é bastante estável, com vento, em geral, fraco e períodos nublados intercalados com bons períodos de sol. As máximas nos Arquipélagos rondarão os 17 ºC/18 ºC.

Tempo anticiclónico em quase todo o país… e chuva no Algarve, Madeira e Açores

Segundo o nosso modelo de referência, ECMWF, entre terça e quarta-feira, uma bolsa de ar frio irá surgir, posicionando-se nas proximidades dos Arquipélagos da Madeira, Canárias e Sudoeste Peninsular (Algarve, Alentejo e Andaluzia Ocidental), com a instabilidade a acentuar-se na quinta-feira (25) em território insular português. No Algarve os chuviscos serão residuais e muito dispersos pela região, surgindo na quarta-feira (26).

Poderá eventualmente cair algum chuvisco isolado no Ribatejo e no Baixo Alentejo junto à fronteira com Espanha na quarta-feira (26). Mesmo assim, será precipitação sem expressividade, praticamente nula e que não atenuará a grave seca meteorológica em que o país está mergulhado. As temperaturas subirão ligeiramente em Portugal continental nesse dia (26), com o termómetro a atingir 17 ºC nas cidades de Leiria, Setúbal e Faro. Alguma nebulosidade poderá persistir nesse dia a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, e pontualmente a norte deste acidente geográfico.

Na quinta-feira o estado do tempo voltará ao mesmo “marasmo”: estável, seco, frio e soalheiro na generalidade da geografia continental. As geadas deverão formar-se no interior, destacando-se o acentuado arrefecimento noturno, fruto das amplitudes térmicas diárias cada vez mais expressivas. Na Madeira, além do vento de Nordeste forte já presente desde a véspera, o dia de quinta-feira (27) deverá registar aguaceiros localmente fortes, com a situação a repetir-se e a intensificar-se na sexta-feira (28).

Será que o tempo vai mudar com a chegada do mês de fevereiro?

De acordo com o modelo Europeu, ao longo da reta final da semana predominará o tempo anticiclónico em toda a Península Ibérica. Nos Açores e na Madeira será diferente, sendo que no primeiro destes arquipélagos a instabilidade poderá regressar durante o fim de semana, com chuva e vento forte. Quanto à Madeira o panorama terá tendência para estabilizar, apesar de alguns chuviscos no sábado.

As previsões a longo prazo do ECMWF estimam que as altas pressões poderão acompanhar-nos pelo menos até aos primeiros dias de fevereiro.

Na estação do ano em que estamos é comum ocorrer algum temporal de chuva ou até mesmo de neve, e por vezes de grande impacto (quando as tempestades recebem nome). No entanto, os mapas revelam que as altas pressões poderão manter-se pelo menos durante os primeiros dias de fevereiro. Estes bloqueios anticiclónicos podem perdurar durante semanas ou meses. Esperemos que este último cenário não se concretiza, dado que a seca já atingiu níveis muito preocupantes, sobretudo nas regiões do Algarve e do Alentejo.