Quando volta a chover? O fantasma da seca ameaça Portugal

O início de fevereiro não trouxe grandes novidades, e volta a pairar a ameaça do fantasma da seca. Apesar do enfraquecimento temporário do anticiclone nos próximos dias, não se antecipa nenhum episódio de chuva generalizada. Confira a previsão!

seca; portugal
A situação começa a ser bastante preocupante nalgumas bacias hidrográficas, e de momento, não há perspetiva de episódios de chuva significativos a curto e médio prazo.

O ano hidrológico, que arranca a 1 de outubro, está a ser incrivelmente seco de norte a sul de Portugal continental, algo que não é de estranhar, visto que nos últimos anos, e sobretudo desde 2000, tem-se verificado uma tendência de aumento da frequência e intensidade das situações de seca no nosso país. Aliás, não temos de ir muito atrás nas séries meteorológicas para perceber que num passado recente, corria o ano de 2017, o défice de precipitação durou várias estações seguidas.

De acordo com os dados oficiais, novembro desse ano foi o oitavo mês consecutivo com valores de precipitação inferiores ao normal, e o outono foi considerado, na altura, o mais seco dos últimos 46 anos, sendo que, também as temperaturas registaram valores superiores à média climatológica. Tendo em conta os registos dos últimos 20 anos, só encontramos 2005 como um ano mais seco do que o atual… E ainda só estamos em fevereiro.

Mas, olhando agora para o presente, tal como já referido anteriormente, este caracteriza-se pela notável ausência de precipitação. A última vez que ocorreu um episódio de chuva abundante foi na semana do Natal, em específico nos dias 24 e 25 (Véspera de Natal e Natal de 2021), no qual uma depressão afetou praticamente todo o país.

Janeiro de 2022 foi um mês extremamente seco, situando-se entre os três janeiros mais secos dos últimos 20 anos. Manteve-se a tendência de falta de chuva verificada desde o início do atual ano hidrológico.

Desde então, apenas choveu momentaneamente entre os dias 3 e 6 de janeiro de norte a sul do país, mas acumulou mais água sobretudo na Região Norte, em concreto nas sub-regiões do Minho e Douro Litoral. Nevou também de forma residual nalgumas serras dos distritos de Vila Real e Bragança, no Gerês e Serra da Estrela, entre os dias 4 e 5 de janeiro.

Quanto às bacias hidrográficas do Continente, todas elas apresentam valores substancialmente inferiores à média e algumas estão num estado péssimo – Sado, Lima e Barlavento Algarvio, por exemplo. Por outro lado, os Arquipélagos dos Açores e da Madeira têm vindo a ser ocasionalmente afetados pela precipitação, algumas trovoadas e vento forte.

Mês de janeiro extremamente seco

O mês de janeiro manteve a tendência de falta de chuva verificada desde outubro 2021 e situa-se entre os três janeiros mais secos dos últimos 20 anos. Mesmo no que toca ao índice de percentagem de água no solo, registou-se uma diminuição significativa em relação ao final de dezembro em todo o território, salientando-se os valores inferiores a 20% nas regiões do Nordeste e do Sul.

Quanto às temperaturas, é seguro afirmar que têm ocorrido oscilações térmicas diárias notáveis. Se por um lado, em muitas regiões durante o mês de janeiro houve localidades que baixaram até aos -5 ºC ou -7 ºC de temperatura mínima (Nordeste Transmontano e Beira Alta), noutras localidades as temperaturas máximas alcançaram, várias vezes, valores iguais ou superiores a 20 ºC e nalguns casos, relativamente perto dos 25 ºC (Baixo Alentejo e Algarve).

Mudança fugaz do tempo na segunda metade da semana

Hoje estão a cair aguaceiros na Madeira, localmente fortes nalguns pontos da Ilha, como Calheta e Ribeira Brava. Há risco de chuva fraca esta tarde no Alto Minho (Viana do Castelo). No resto do país o céu estará nublado ou muito nublado.

Amanhã a extremidade de uma frente irá deslocar-se desde o Alto Minho para sul e leste, deixando precipitação muito fraca e dispersa por várias localidades, a maioria nortenhas, – e enquadradas nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Viseu e Aveiro. Nas restantes regiões do país prevê-se continuidade de céu encoberto, exceto na Zambujeira do Mar e em grande parte do Algarve onde, por motivos distintos (pequeníssima gota fria) também irá chover.

Sábado deverá ser um dia de tempo variável, com padrões regionais meteorológicos diferenciados. Norte e Centro litoral com sol ou céu parcialmente encoberto, grande parte do Centro, litoral alentejano, Alto Alentejo e Barlavento Algarvio com céu limpo, e o resto do Alentejo e Sotavento Algarvio com céu nublado. Açores e Madeira registarão céu pouco nublado e vento moderado a forte.

No domingo, prevê-se uma evidente estabilização do estado do tempo, com nuvens frequentes e mais prováveis apenas pela manhã em boa parte da Região Norte. Nas restantes regiões do Continente estará céu limpo. O vento soprará moderado a forte de Leste e prevê-se um ligeiro arrefecimento do tempo, sobretudo das mínimas. E o que virá depois? A partir de segunda-feira o anticiclone volta a reforçar-se e, se se cumprir aquilo que os modelos revelam, o mês de fevereiro também será muito seco.