Próximos dias no nosso país: rio atmosférico, ventos ábregos e mar agitado!

Apesar de pequeno, prevê-se que o rio atmosférico que interagirá com a orografia do país durante cerca de dois dias, deixe chuva abundante e temperatura ainda mais amena em Portugal. Consulte a previsão!

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Aviso amarelo ativo! Em que regiões de Portugal se prevê os maiores impactos da chuva, do vento e do mar?

O tempo em Portugal passou de um extremo a outro: a massa de ar frio, de origem polar continental, foi substituída por uma outra, muito distinta, de origem atlântica e subtropical. Não representa mais do que uma transição para um período muito mais ameno e seco que irá impor-se previsivelmente na reta final desta semana.

Mas antes disso, ao longo dos dias de quarta (8) e quinta-feira (9), são esperadas quantidades significativas de precipitação de norte a sul do nosso país, sobretudo na metade setentrional, nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. A acumulação pluviométrica prevê-se bastante expressiva em áreas particularmente favoráveis à chuva quando o vento sopra forte de Oeste ou Sudoeste.

Além disso, o vento soprará com intensidade, prevendo-se rajadas superiores a 60 km/h em vastas regiões do Norte e Centro, tanto no litoral como no interior.

O que provocará isto? E o que é um rio atmosférico?

Esta situação meteorológica será causada por uma sequência de depressões muito cavadas situadas a oeste das Ilhas Britânicas que estão a estimular uma forte advecção de sudoeste (ventos ábregos) sobre a Europa ocidental, bem como um centro de altas pressões (anticiclone) posicionado a sudoeste do Algarve.

Este “puzzle” atmosférico permitirá que aquilo que é conhecido como um rio atmosférico, carregadíssimo de humidade, seja canalizado até Portugal e Espanha, formando-se a partir da longa travessia marítima subtropical da massa de ar atlântica que irá afetar o território nacional, e ibérico. Será procedente de áreas subtropicais do Atlântico Ocidental, entre o norte das Caraíbas e o sul das Bermudas.

Um rio atmosférico é a designação dada a uma massa de ar proveniente de regiões tropicais ou subtropicais. Possui uma temperatura elevada e contém grandes quantidades de humidade adquirida em águas oceânicas temperadas. Estas massas de ar podem ser transportadas por grandes centros de baixas pressões associados ao jato polar, circulando para latitudes mais a norte das da sua origem.

São zonas relativamente longas e estreitas de humidade na atmosfera, como se fossem rios no céu – daí o seu popular nome “rio atmosférico”. Costumam ser o combustível de situações de chuva persistente nas latitudes médias. Por vezes, as situações extremas de "atmospheric rivers" são responsáveis por cheias ou inundações, dada a quantidade de vapor de água que transportam.

Chuva, por vezes forte: já está ativo o aviso amarelo!

Na quarta (8) e na quinta-feira (9) o estado do tempo em Portugal continental será altamente condicionado pela chegada deste rio atmosférico. O forte fluxo de oeste produzirá muitas nuvens e chuva de norte a sul do país já nesta quarta-feira (8), sendo que nenhuma região irá escapar ao tempo adverso. Apesar disso, o Alentejo e o Algarve não serão tão afetados.

O aviso amarelo foi oficialmente ativado para a região do Minho (distritos de Viana do Castelo e Braga), onde se prevê, ao longo das próximas 48 horas (quarta e quinta-feira) uma acumulação pluviométrica, no mínimo de 50 mm, sendo que em boa parte da região poderá superar 100 mm!

Em geral, a chuva será fraca ou moderada, exceto em áreas onde o efeito orográfico permita reter uma maior quantidade de humidade da massa de ar: é o caso do Minho, Douro Litoral, e grosso modo as regiões a oeste da Barreira de Condensação e a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela ou áreas de montanha mais localizadas do interior Norte (Alto Tâmega) e interior Centro (Serra da Estrela). Espera-se entre 30 a 50 mm nestas regiões, exceto no Minho onde deverá ser consideravelmente superior!

Outros efeitos: risco de inundações, trovoada, granizo e agitação marítima

A chuva poderá, pontualmente, adquirir um carácter persistente e forte, e desse modo, provocar inundações repentinas em áreas historicamente vulneráveis. Como se não bastasse esta massa de ar será particularmente amena, pelo que poderá causar degelo em zonas montanhosas que ainda contenham neve (possivelmente Sistema Central – Serra da Estrela) e isto provocaria um aumento no caudal do rio Mondego e afluentes.

Na quinta-feira (9) a precipitação diminuirá ligeiramente, mas com a manutenção da temperatura amena, poderá ocorrer um aquecimento atmosférico que incrementa a possibilidade de ocorrência de chuva, acompanhada de trovoada, ou sob a forma de granizo. Atenção também ao mar!

mapa acumulação pluviométrica;
A chuva poderá ser particularmente forte e persistente no Minho e no Douro Litoral, prevendo-se entre 50 a mais de 100 mm acumulados durante quarta e quinta-feira.

O aviso amarelo por risco significativo de agitação marítima já está ativo em grande parte da faixa costeira ocidental, entre os distritos de Viana do Castelo e Lisboa, abrangendo o período entre as 09:00 da manhã de quinta-feira (9) e as 06:00 da manhã de sexta-feira (10). Estão previstas ondas de oeste de até 4,5 metros de altura significativa! Evite passeios perto da orla marítima.

A partir de sexta (10) espera-se que uma robusta crista anticiclónica comece a surgir sobre a Península Ibérica, abrindo caminho ao estabelecimento de um tempo mais seco e com valores de temperatura acima da média climatológica para esta época do ano.