Talvez não as conheça, mas estas três aldeias portuguesas estão entre as melhores do mundo
Portugal volta a ser destaque internacional graças a pequenas localidades que provaram que o turismo sustentável e a autenticidade ainda fazem a diferença no mapa mundial.

Há histórias que começam em lugares pequenos — e Portugal é prova disso. O nosso país volta a dar cartas no panorama internacional do turismo, desta vez, rural, com três localidades distinguidas pela Organização Mundial do Turismo (UN Tourism) como parte do programa Best Tourism Villages 2025. Será que conhece todas?
O anúncio foi feito a 17 de outubro, numa cerimónia em Huzhou, na China, e reforça o nome de Portugal entre os países com mais destinos reconhecidos por boas práticas no desenvolvimento sustentável.
O prémio, atribuído pela UN Tourism — agência das Nações Unidas para o setor —, destaca aldeias e vilas que souberam preservar o seu património cultural e natural, promovendo um turismo responsável e inclusivo. A distinção tem validade de três anos e inclui apoio técnico e visibilidade internacional, um incentivo precioso para territórios de baixa densidade populacional que encontram no turismo uma forma equilibrada de crescer sem perder identidade.
Loriga: o coração da Serra da Estrela que não se deixa esquecer
Em Loriga, o turismo não é uma ameaça: é um aliado para preservar um modo de vida que, noutras serras, já se perdeu.

Situada a mais de 700 metros de altitude, Loriga é uma das vilas mais pitorescas da Serra da Estrela e um verdadeiro símbolo de resiliência serrana. Conhecida entre muitos como a “Suíça portuguesa” — expressão que nasceu da semelhança entre os vales glaciais e os cenários alpinos —, Loriga combina natureza imponente com tradições bem vivas.
E não pense que o reconhecimento internacional não surge por acaso. Loriga tem investido na preservação dos seus recursos naturais e na promoção de um turismo equilibrado, valorizando as atividades agrícolas e a produção local, enquanto atrai visitantes para o ar puro, a gastronomia e a hospitalidade da sua comunidade. A praia fluvial, considerada uma das mais belas do país, é hoje uma referência no turismo de natureza.
Aliás, o esforço de quem ali vive em manter o território vivo e sustentável foi decisivo para que a UN Tourism a incluísse entre as melhores aldeias do mundo.
Mértola: uma vila-museu entre o passado árabe e o futuro sustentável
No Baixo Alentejo, Mértola ergue-se sobre o rio Guadiana com a serenidade de quem carrega séculos de história. Aqui, cada pedra tem memória: há vestígios romanos, muralhas mouriscas, igrejas com traços islâmicos e um castelo que guarda a paisagem alentejana como um sentinela antigo.
Mas Mértola não é apenas um destino histórico. É também um exemplo de inovação no turismo sustentável. A autarquia e a comunidade local têm desenvolvido projetos de valorização do património ambiental, apostando na economia verde e na recuperação de tradições que criam emprego e atraem visitantes conscientes.

O Parque Natural do Vale do Guadiana, que abraça o concelho, é uma reserva de biodiversidade e um refúgio para quem procura contacto direto com a natureza sem a pressão do turismo de massa.
A distinção da UN Tourism reconhece esta conjugação rara: um território que honra o seu passado, mas olha para o futuro com visão e equilíbrio. Em Mértola, o tempo passa devagar, mas a mudança acontece de forma sustentada.
Vila Nogueira de Azeitão: elegância, vinho e autenticidade na Península de Setúbal
Mais próxima do mar e da serra, Vila Nogueira de Azeitão traz outro tipo de encanto — o da sofisticação discreta e da tradição bem cuidada. Situada entre a Serra da Arrábida e as vinhas que produzem alguns dos vinhos mais famosos de Portugal, esta localidade distingue-se pela forma como conseguiu preservar a sua identidade enquanto se moderniza.

Azeitão é sinónimo de bons sabores — o queijo, o moscatel e as doçarias regionais são parte essencial da experiência —, mas também de cultura e património. O casario branco, os solares antigos e as quintas históricas criam um ambiente acolhedor que reflete o melhor da região de Setúbal.
Foi precisamente a aposta em turismo sustentável e enoturismo de qualidade que lhe garantiu um lugar nesta lista restrita das melhores aldeias do mundo.
Para quem a visita, há sempre algo de novo a descobrir: desde as paisagens deslumbrantes da Arrábida às pequenas lojas tradicionais, passando por iniciativas culturais que aproximam visitantes e comunidade local.
Um país de aldeias com futuro
Com estas três novas distinções, Portugal passa a contar com doze localidades integradas na rede mundial “Best Tourism Villages”, que já inclui Óbidos, Manteigas, Ericeira, Sortelha, Castelo Rodrigo e outros nomes. A UN Tourism sublinha que o prémio distingue territórios que conciliam turismo com sustentabilidade, apoiando a preservação de práticas agrícolas, culturais e sociais que mantêm as comunidades ativas.
Para o presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade, este reconhecimento “reflete a riqueza dos nossos ativos nacionais e o esforço das comunidades na valorização dos seus territórios”, lembrando que o verdadeiro sucesso turístico depende de um desenvolvimento equilibrado em todo o país.
“A descentralização e valorização dos territórios, promovendo a diversificação da oferta turística e a criação de valor em todo o país, é um dos objetivos subjacentes ao trabalho que o Turismo de Portugal desenvolve. Estes prémios, conquistados pelas nossas vilas e aldeias, ao evidenciarem o esforço e a dedicação das comunidades locais na valorização dos seus territórios, são, assim, sempre muito significativos e inspiradores”, sublinhou.
Loriga, Mértola e Vila Nogueira de Azeitão são, cada uma à sua maneira, exemplos de que o turismo pode ser mais do que um número de visitantes. Pode ser um compromisso com o futuro — um caminho onde tradição, natureza e pessoas se encontram para mostrar ao mundo o melhor de Portugal.
A organização mundial também escolheu Quintandona, no concelho de Penafiel, para integrar o Upgrade Programme, destinado a territórios que demonstram elevado potencial de desenvolvimento turístico sustentável.