Depois de décadas esquecida, esta aldeia minhota quer brilhar
Entre casas de granito, trilhos verdes e o rio Vizela, a Aldeia do Pontido, em Fafe, prepara-se para se transformar num refúgio natalício com a ajuda da comunidade.

Durante décadas, a Aldeia do Pontido, em Fafe, permaneceu silenciosa, guardando nas suas casas de granito e nas margens do rio Vizela a memória de um passado rural que parecia adormecido. Três décadas depois de o último habitante ter partido, o lugar renasceu como refúgio, oferecendo descanso, natureza e um ritmo de vida que já se tornou raro.
É verdade, este local transformou-se de uma pequena aldeia rural num projeto de turismo sustentável que preserva a memória do lugar. Mas não ficou por aqui — ou, pelo menos, não quer ficar. Agora, os responsáveis pelo projeto têm um plano que poderá dar-lhe uma nova dimensão: transformar a aldeia e o alojamento numa espécie de Aldeia de Natal.
Uma proposta que desafia toda a comunidade
Ainda é apenas uma proposta, mas já promete sucesso. O objetivo é envolver a comunidade — artesãos, associações, escolas e famílias — para que cada um participe, decorando ruas, criando trabalhos manuais e montando pequenas bancas com produtos locais. A ideia não é apenas iluminar a aldeia, mas criar um ambiente de partilha, criatividade e espírito coletivo.
“A magia do Natal vai chegar à Aldeia do Pontido e queremos contar com toda a comunidade”, começaram por escrever os responsáveis na página de Facebook. “Convidamos escolas, lares de idosos, centros de dia, associações e particulares a participar, criando decorações natalícias (lamparinas, imagens 2D de animais e outros trabalhos criativos) que vão dar vida e cor à nossa aldeia. Todos os trabalhos integrarão um Concurso Comunitário de Decoração, com prémios e reconhecimento especial.”
Ainda assim, não pense que só valerá a pena conhecer este destino em dezembro. Entre a proposta e a realidade, a aldeia mantém o seu encanto.
É que as cinco casas restauradas nesta aldeia no coração de Fafe combinam o granito tradicional com conforto moderno. Pode contar com cozinhas equipadas, salas acolhedoras e terraços virados para a serra, onde é possível ficar a ouvir o rio correr enquanto se observa o céu a mudar de cor.

“A Aldeia do Pontido é a escapadinha perfeita para quem procura abrandar o ritmo do dia a dia e pede natureza à mistura”, lê-se no ‘Sapo’.
Além disso, a envolvente natural da aldeia é irresistível para quem gosta de explorar. Nos arredores, é possível caminhar ou pedalar por trilhos que revelam a riqueza da paisagem minhota, com vales verdes, bosques densos e recantos tranquilos.
A poucos minutos, a Barragem da Queimadela oferece uma experiência complementar: uma praia fluvial, passadiços de madeira e áreas de lazer que transformaram o local num ponto de encontro entre a comunidade, os visitantes e a natureza.Para os mais ativos, há canoagem, pesca e até stand-up paddle. Se preferir percursos mais longos pode seguir rotas como o Trilho Verde da Marginal, a Rota do Maroiço ou a Rota das Aldeias das Margens do Vizela, cruzando pontes medievais, miradouros e bosques que contam histórias do património histórico e ambiental de Fafe.
Entre o encanto do passado e a magia que pode nascer
No fundo, o Pontido já tem a magia que se procura no Natal. Se a proposta da Aldeia de Natal avançar, dezembro poderá transformar o Pontido num ponto de encontro raro: ruas iluminadas com lamparinas e decorações feitas à mão, bancas de produtos regionais, crianças e adultos a contribuírem para um ambiente que vai muito além de uma simples festa. Será um Natal construído por todos, onde visitantes e habitantes se encontram e vivem algo genuíno, sem pressas, sem horários, apenas com a tranquilidade. E é mesmo isso que a aldeia já oferece durante o todo o ano.

A magia está nas margens do rio, no silêncio da serra, no crepitar do fogo numa noite fria e na sensação de que o tempo aqui passa de forma diferente. Faltaria apenas que a comunidade desse corpo à proposta, e então, finalmente, a aldeia poderia provar que o Natal não é apenas uma data — é uma experiência que se constrói em conjunto, pedra a pedra, luz a luz.