Ter a genética de uma coruja ajuda os trabalhadores com turnos noturnos

Novo estudo revela que há pessoas que, à semelhança de uma coruja, adaptam-se aos turnos noturnos, pelo que o seu ciclo de sono não é tão afetado como noutras que não têm esta predisposição genética.

coruja; turno noturno; predisposição
Um novo estudo mostra que há pessoas com uma determinada predisposição genética que faz com que a penalização das horas de sono não seja tão negativa.

Algumas pessoas têm uma predisposição genética para ser uma "pessoa noturna" e uma nova investigação liderada pelo Centro de Ciência Demográfica Leverhulme, da Universidade de Oxford, publicada na revista Sleep, revelou que isto protege os trabalhadores regulares do turno noturno contra penalizações por sono.

Cerca de 25% dos funcionários do setor público no Reino Unido fazem algum tipo de trabalho noturno. Números semelhantes em outros países dedicam-se ao trabalho por turnos, mas provas crescentes mostram que o trabalho noturno e a persistente perturbação do ritmo circadiano - variação nas funções biológicas de diversos seres vivos - são fatores de risco grave para as condições de saúde, incluindo depressão, doenças cardíacas e diabetes tipo 2.

A investigação

Recorrendo ao Biobank do Reino Unido, os investigadores analisaram 53.211 trabalhadores entre 2006 e 2018, de forma a perceber se estes tinham alguma propensão genética para aguentarem a madrugada.

Este estudo mostrou que o trabalho noturno está associado a penalizações de sono significativas, as maiores das quais foram observadas em indivíduos que trabalham sempre à noite. De acordo com o estudo, "isto deve-se ao facto de que o sono desempenha um papel essencial para a saúde física e mental".

Os investigadores do CHRONO concluíram que, em geral, aqueles que mais frequentemente trabalham à noite dormem menos. Os trabalhadores regulares do turno noturno auto-relatados dormem 13 minutos a menos por noite, em comparação com aqueles que nunca trabalham estas horas.

Contudo, a investigação mostra que ter uma maior propensão genética para aguentar a madrugada teve um forte efeito protetor, reduzindo a perda de sono em até 28%.

A professora Melinda Mills, uma das autoras deste estudo, afirmou que: “Existem implicações de saúde para os trabalhadores do turno da noite, mas o nosso estudo mostra que estas variam entre indivíduos dependentes do seu cronótipo, e que devem ser consideradas ao conceber intervenções”.

As pessoas que têm uma maior predisposição para aguentar a madrugada sofrem uma penalização de sono reduzida em até 28%.

Entretanto, a Dra. Evelina Akimova, a autora principal, frisou: "O que achámos particularmente animador foi termos conseguido utilizar múltiplas medidas para calcular a resistência ao sono durante a madrugada, incluindo medidas genéticas, auto-relatadas e com base em acelerómetro, para fazer avançar o nosso conhecimento das penalidades do sono entre os trabalhadores do turno da noite".