Poderão os sinais repetitivos do centro da Via Láctea ser extraterrestres a dizer olá?

Uma nova procura por vida extraterrestre leva os cientistas a olhar “para dentro”, para o centro da nossa galáxia. Recorrendo a um avançado software que deteta padrões de frequências repetitivos, os cientistas depararam-se com resultados interessantes. Descubra-os aqui!

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Com o objetivo de encontrar vida extraterrestre, os investigadores procederam à escuta de impulsos de rádio com origem no centro da nossa galáxia: a Via Láctea.

Os impulsos de frequência de banda estreita são emitidos naturalmente por pulsares (um tipo de estrela), mas também são utilizados pelos humanos em tecnologias como o radar, por exemplo.

Como estes impulsos se destacam do ruído de fundo do espaço, são uma forma eficaz de comunicar a longas distâncias, e uma forma apelativa de procurar civilizações alienígenas.

No estudo publicado na terça, 30 de maio, no The Astronomical Journal, os cientistas descrevem a estratégia de “caça” aos extraterrestres. Os investigadores, liderados por Akshay Suresh, estudante de pós-graduação na Universidade de Cornell, desenvolveram um software para detetar estes padrões de frequência repetitivos.

De seguida, testaram-no em pulsares conhecidos para se certificarem de que conseguia captar as frequências estreitas. Estas gamas de frequências são muito pequenas, cerca de um décimo da largura das frequências de uma estação de rádio FM típica. Com este método, os investigadores pesquisaram dados a partir do Telescópio Green Bank, na Virgínia Ocidental.

Poderão extraterrestres inteligentes estar à espreita do coração da Via Láctea?

"Até agora, a rádio SETI tem dedicado os seus esforços principalmente à procura de sinais contínuos", disse o co-autor do estudo, Vishal Gajjar, do Instituto SETI - (Search for Extraterrestrial Intelligence), uma organização sem fins lucrativos dedicada à procura de vida inteligente no universo, num comunicado. Gajjar explica que o estudo levado a cabo abre horizontes sobre a notável eficiência energética de um comboio de impulsos como meio de comunicação interestelar através de vastas distâncias.

O centro da Via Láctea, por ser denso em estrelas e exoplanetas potencialmente habitáveis, está a ser “ouvido” pelos investigadores. Como se isto não bastasse, se os extraterrestres inteligentes no “coração” da Via Láctea quisessem contactar o resto da galáxia, tudo seria mais fácil devido à posição privilegiada no centro da galáxia, com os sinais a poderem ser enviados para uma grande variedade de planetas.

Tal como afirma num comunicado em separado Steve Croft - co-autor do estudo e cientista no programa Breakthrough Listen, “a utilização de larguras de banda estreitas e de padrões repetidos seria uma forma privilegiada de os extraterrestres se revelarem, uma vez que é extremamente improvável que tal combinação ocorra naturalmente”.

O método utiliza um algoritmo que pode pesquisar 1,5 milhões de amostras de dados de telescópios em 30 minutos. Embora os investigadores não tenham encontrado quaisquer sinais reveladores na sua primeira investigação, eles defendem que a velocidade do algoritmo ajudará a melhorar as futuras investigações.

Croft explica que o Breakthrough Listen é capaz de captar grandes volumes de dados e que a técnica de Akshay Suresh possibilita um novo método que os irá ajudar a procurar “agulhas em palheiro”, isto é, procurar provas tentadoras de formas avançadas de vida alienígena ou extraterrestre.

Realce-se também que este estudo foi o primeiro esforço abrangente, de sempre, para efetuar investigações aprofundadas destes sinais ao juntar investigadores e cientistas de múltiplas instituições ao nível académico, universitário e de organizações sem fins lucrativos.