Mudanças na vegetação moldaram as temperaturas dos últimos 10 mil anos

Registos da vegetação no passado contam a verdadeira história das temperaturas globais, de acordo com a investigação de um climatologista da Universidade de Washington, em St. Louis. Saiba mais aqui!

vegetação; área montanhosa
As projeções para futuras alterações climáticas poderão ser mais fidedignas se incluírem alterações na vegetação.

As temperaturas quentes deram origem às plantas e depois surgiram temperaturas ainda mais quentes, de acordo com novas simulações de modelos, publicadas no dia 15 de abril na Science Advances.

Alexander Thompson, um investigador associado de pós-doutoramento em do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias, em Artes & Ciências da Washington University in St. Louis, atualizou simulações de um modelo climático importante para refletir o papel da mudança da vegetação como motor fundamental das temperaturas globais ao longo dos últimos 10 mil anos.

A investigação

Já há muito tempo que Thompson se questionava acerca dos modelos das temperaturas atmosféricas da Terra desde a última era glacial. Muitas destas simulações mostraram temperaturas a aquecer consistentemente ao longo do tempo. No entanto, os registos de proxy climático contam uma história diferente. Muitas dessas fontes indicam um pico acentuado das temperaturas globais que ocorreu entre 6 mil e 9 mil anos atrás.

Thompson tinha o palpite de que os modelos poderiam estar a ignorar o papel das mudanças na vegetação em prol dos impactos das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono ou da cobertura de gelo.

As simulações feitas até então não davam grande importância às mudanças na vegetação. Quando Thompson o fez, percebeu que esta talvez tenha tido uma ligação direta com o aumento da temperatura global no Holoceno.

"Os registos de pólen sugerem uma grande expansão da vegetação durante esse período", disse Thompson. "Os modelos anteriores apenas mostram uma quantidade limitada de crescimento da vegetação", afirmou. "Portanto, embora algumas destas simulações tenham incluído vegetação dinâmica, uma mudança de vegetação não foi suficiente para explicar o que os registos de pólen sugerem".

As mudanças na cobertura vegetativa foram significativas

No início do Holoceno, a época geológica atual, o deserto do Saara em África tornou-se mais verde do que hoje. Outra vegetação do Hemisfério Norte, incluindo as florestas de coníferas e caducifólias nas latitudes médias e no Ártico, também prosperou.

Thompson tirou provas dos registos polínicos e concebeu um conjunto de experiências com um modelo climático conhecido como o Modelo do Sistema Comunitário da Terra (CESM), um dos modelos mais bem considerados numa vasta classe de tais modelos. Fez simulações de uma série de alterações na vegetação que não tinham sido previamente consideradas.

"A expansão da vegetação durante o Holoceno aqueceu o globo em até 0.8 ºC", disse Thompson. "As nossas novas simulações alinham de perto com os proxies paleoclimáticos". Portanto, isto é interessante, visto que podemos apontar a vegetação do Hemisfério Norte como um fator que nos permite resolver o controverso enigma da temperatura do Holocénico".