A estação dos pólenes: mais intensa e mais precoce no futuro!

De acordo com um estudo recente, o aquecimento global em curso pode deixar consequências na estação dos pólenes que poderá começar mais cedo e acima de tudo durar mais tempo. Explicamos-lhe aqui!

A estação dos polénes: mais intensas e mais precoces no futuro!
A estação dos pólenes: mais intensas e mais precoces no futuro!

Agora que a primavera já começou, a estação dos pólenes está aberta! A RPA (Rede Portuguesa de Aerobiologia) colocou todo o país sob alerta para concentrações muito elevadas de pólenes (das árvores cedros, pinheiros, plátanos, ciprestes, carvalhos, azinheiros e das ervas urtiga e parietária) na semana de 18-24 de março, exceto nos períodos com precipitação. Os alérgicos têm de estar preparados para as semanas mais complicadas que se avizinham.

E, claro, num contexto de aquecimento global, poderão sofrer ainda mais intensamente e no início do ano. A estação do pólen poderá começar 40 dias mais cedo do que o normal, tal como explicado num estudo recente publicado na revista Nature, que também nos informa que os sintomas que causam afetam até 30% da população mundial, especialmente crianças com menos de 18 anos. "É um "problema de saúde global, resultando em perdas económicas significativas devido a despesas médicas, dias de trabalho e de escola perdidos, e morte prematura", explica também o estudo.

O aumento das temperaturas e a poluição em causa

Assim, as emissões de pólen estão intimamente ligadas a fatores ambientais. Ao longo das últimas décadas, o aumento das temperaturas levou a "datas de início da estação do pólen mais precoces (3 a 22 dias)", lê-se. O clima mais ameno que agora ocorre mais regularmente no final do inverno acelera o desenvolvimento das plantas e também desencadeia uma polinização precoce de algumas espécies.

A poluição também agrava o fenómeno: "O aumento do CO2 atmosférico pode aumentar a produção de pólen, e a duplicação da produção em conjunto com o clima aumenta as emissões no final do século em até 200%", é indicado. Além disso, os poluentes vêm fixar-se nos pólenes, fragilizando a superfície dos grãos e tornando-os assim mais tóxicos.

A produção de diferentes pólenes poderá sobrepor-se

"As estações polínicas mais longas e mais intensas têm-se observado nas últimas décadas, o que deverá contribuir para a exacerbação e para o agravamento da rinite alérgica e da asma induzida pelo pólen", analisam os cientistas.

Esta investigação analisa principalmente os diferentes tipos de pólenes e fontes de árvores nos Estados Unidos, especificamente uma variedade de fontes vegetais, incluindo carvalho, cedro ou tasneira. Mostra que numa região como o Michigan, as bétulas geralmente polinizam primeiro, seguidas pelo carvalho ou pinheiro, seguidos por outras espécies ao longo de alguns meses.

Contudo, as diferentes variedades de pólen das árvores, que não se desenvolveram ao mesmo tempo, acabarão por se sobrepor, resultando em concentrações globais mais elevadas que ameaçam a saúde pública. "As temperaturas mais quentes terão também um impacto na fisiologia da vegetação, facilitando ou limitando o crescimento e impactando a biomassa vegetal. Estas mudanças têm o potencial de aumentar ou diminuir a produção anual total de pólen".