Investigadores chineses desenvolvem bateria implantável inovadora movida a oxigénio do corpo

Investigadores chineses desenvolvem uma bateria implantável inovadora alimentada pelo oxigénio do corpo.

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A nova tecnologia tem o potencial de revolucionar a forma como dispositivos médicos implantáveis, como pacemakers e neuroestimuladores, são alimentados, reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas para substituir as baterias.
Lee Bell
Lee Bell Meteored Reino Unido 4 min

Investigadores na China afirmam ter feito um avanço significativo na tecnologia médica ao construir uma bateria implantável que utiliza o oxigénio do próprio corpo para gerar energia.

Diz-se que esta inovação tem o potencial de revolucionar a forma como os dispositivos médicos implantáveis, como pacemakers e neuroestimuladores, são alimentados, reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas para substituir baterias.

A equipa de investigação, liderada por Xizheng Liu, da Universidade de Tecnologia de Tianjin, concentrou-se na criação de uma bateria que fosse segura e eficiente para o corpo humano. Fabricaram os eletrodos da bateria a partir de uma liga à base de sódio e ouro nanoporoso, material conhecido pela sua biocompatibilidade e com poros significativamente mais finos que um fio de cabelo.

Esta bateria funciona a partir da reação com o oxigénio do corpo para produzir eletricidade, processo considerado inofensivo e sustentável devido à disponibilidade contínua de oxigénio e à natureza atóxica dos subprodutos produzidos.

Promessa para aplicações futuras

Para testar o dispositivo, os investigadores implantaram a bateria sob a pele de ratos, onde – durante duas semanas – observaram uma saída elétrica estável e nenhum efeito adverso à saúde. Apesar da saída de corrente da bateria ser muito baixa para alimentar dispositivos médicos, a sua voltagem estável e a falta de inflamação significativa ou danos aos corpos dos ratos mostram-se promissores para aplicações futuras.

Os cientistas também observaram de que forma a área ao redor das baterias implantadas cicatrizou excecionalmente bem, com crescimento de pelos e até regeneração de vasos sanguíneos – sugerindo que o implante tem potenciais benefícios secundários, como a monitorização da cicatrização de feridas.

Para a próxima etapa desta investigação, a equipa disse que se está a concentrar em melhorar a tecnologia da capacidade de energia da bateria, explorando materiais e designs mais eficazes.

Uma aplicação potencialmente revolucionária nestas baterias inclui a capacidade de atacar as células cancerígenas, esgotando o seu suprimento de oxigénio ou convertendo a energia da bateria em calor para destruí-las.

Aconteça o que acontecer, uma coisa é certa: a investigação está a abrir novos e empulgantes caminhos não só para fomentar implantes médicos de forma mais eficiente e segura, mas também para novas e mais avançadas bioterapias, ou seja, a utilização de substâncias produzidas a partir de organismos vivos para tratar doenças.

Referência da notícia:
Lv Y., Liu X., Liu J., et al. Implantable and bio-compatible Na-O2 battery. 50 Chem (2024).