Genética e Psicologia: A Influência dos Genes na Personalidade Humana

A genética desempenha um papel fundamental na formação da mente humana, influenciando os traços psicológicos. Fique aqui a saber mais sobre este assunto!

Genética
Porque é que alguns de nós são mais sociáveis do que outros? Porque é que alguns alunos são bem sucedidos no sistema educativo enquanto outros têm dificuldade em acompanhar? A ciência do comportamento tenta responder.

Segundo os cientistas, os genes influenciam aspetos psicológicos da personalidade humana, sem ignorar a importância do ambiente e das experiências individuais.

Nas últimas décadas, investigações em genética comportamental e neurociência têm evidenciado que muitos traços psicológicos possuem uma base genética significativa, embora não determinista.

Estudos com gémeos, irmãos e famílias adotivas mostraram que, em média, cerca de 50% das diferenças individuais em características como inteligência, extroversão, tendência à ansiedade ou ideologia política são atribuíveis a fatores genéticos.

Esse valor, conhecido como herdabilidade, não significa que os genes determinam o comportamento de forma absoluta, mas sim que eles explicam parte da variação observada entre indivíduos numa população.

Por outro lado, o ambiente também exerce influência decisiva, mas de maneira mais complexa do que se pensava anteriormente.

A influência do ambiente partilhado

Curiosamente, o chamado ambiente compartilhado, como a criação familiar ou a escola, explica uma proporção menor da variabilidade psicológica do que o ambiente não compartilhado, que inclui experiências pessoais únicas, como amizades, traumas, influências culturais e eventos de vida.

Isso levou a uma mudança de paradigma sobre o papel da família e das experiências comuns no desenvolvimento psicológico.

Geneticamente, mesmo compartilhando mais de 99% do genoma com outros seres humanos, as pequenas variações no restante do ADN são suficientes para gerar diferenças significativas nos traços psicológicos.

Essas variações (polimorfismos) podem afetar a expressão de genes nas regiões do cérebro associadas à cognição, emoção, empatia e comportamento social.

Além disso, a epigenética, campo que estuda as modificações na expressão dos genes sem alterar a sequência do ADN, está a ganhar destaque. Fatores como stress, alimentação, traumas ou relações sociais podem ativar ou silenciar genes por meio de mecanismos como a metilação do ADN ou alterações nas histonas.

Alterações psicológicas

Tais mudanças podem influenciar a forma como o cérebro se desenvolve e responde ao ambiente, afetando traços psicológicos como resiliência, agressividade ou vulnerabilidade a transtornos mentais.

Há ainda indícios de que algumas dessas marcas epigenéticas podem ser transmitidas entre gerações, embora isso ainda esteja em debate na investigação com humanos.

ADN
Os factores ambientais são fundamentalmente pessoais e de natureza eminentemente aleatória.

Com o avanço das tecnologias como o CRISPR-Cas9, abre-se a possibilidade de editar o genoma humano com precisão. Isso levanta a hipótese de, no futuro, modificar genes ligados a traços psicológicos, como reduzir a propensão à depressão ou aumentar a sociabilidade.

No entanto, essas possibilidades trazem enormes dilemas éticos: quem decidiria quais os genes modificar? Quais seriam os critérios? Que riscos isso representa para a diversidade humana, a equidade social ou os direitos individuais?

Todavia, não somos inteiramente determinados pelos nossos genes, nem totalmente moldados pelo ambiente. A psicologia humana emerge da interação dinâmica e contínua entre genética, experiências individuais e fatores socioculturais.

Compreender essa complexidade é essencial para evitar reducionismos , quer genéticos, quer ambientalistas e construir políticas públicas, práticas educacionais e abordagens clínicas mais éticas, personalizadas e baseadas em evidências.