Época das nuvens noctilucentes 2025 está à vista: saiba como detetar as esquivas nuvens “brilhantes da noite”!

As nuvens mesosféricas polares ou noctilucentes têm origem na alta atmosfera, razão pela qual são vistas à noite. Embora se formem sobretudo nas regiões polares e subpolares, o seu aparecimento nas latitudes médias pode ser visto como um sinal de alterações climáticas.

Fenómeno atmosférico das nuvens noctilucentes (nuvens que brilham à noite), 25 de junho de 2018, Rússia Central.

Os astrónomos e as nuvens são inimigos naturais, em grande parte devido ao hábito destas últimas de obscurecerem o céu com densos véus de vapor de água condensado.

Uma exceção a esta regra é o aparecimento de nuvens noctilucentes - delicados feixes de partículas geladas que parecem brilhar num azul espetral à luz refletida do Sol nas horas que antecedem o pôr do sol e o amanhecer.

Estas nuvens raras formam-se a cerca de 80 quilómetros acima da Terra, na mesosfera, uma camada fria da atmosfera localizada a cerca de 70 quilómetros acima de onde se formam as nuvens normais.

Quando é a melhor altura para observar as nuvens que “brilham à noite”?

A melhor altura para ver as nuvens noctilucentes é nas noites de céu limpo entre finais de maio e meados de agosto, cerca de 90 a 120 minutos após do pôr do sol ou antes do nascer do sol. Os avistamentos são mais comuns nos meses de junho e julho.

Nuvens noctilucentes sobre a cidade.

Os observadores do céu possuem mais probabilidades de avistar nuvens noctilucentes nas latitudes setentrionais durante o verão do hemisfério norte. Por esta altura, o Sol nunca desce muito abaixo do horizonte, deixando-o bem posicionado para iluminar as partículas geladas de alta altitude quando a noite se instala.

As nuvens noctilucentes aparecem mais frequentemente entre 45 e 80 graus ao norte do equador - uma faixa que inclui, por exemplo, alguns dos estados mais setentrionais dos EUA, tais como Dakota do Norte, Montana e Washington.

Nas últimas décadas, este fenómeno cativante tem vindo a aparecer em latitudes mais baixas do que nunca. Porquê?

As razões para esta mudança têm sido atribuídas a uma mistura de fontes, que vão desde as alterações climáticas ao aumento da cadência de lançamentos de foguetões, de acordo com o Royal Museums Greenwich.

Alterações Climáticas

De acordo com um estudo de 2018, do Instituto Leibniz de Física da Atmosfera em Kühlungsborn, Alemanha, o aumento do vapor de água na atmosfera da Terra provocado pelas atividades humanas, está a fazer com que as nuvens noctilucentes se tornem mais visíveis. Os resultados sugerem que essas nuvens, cada vez mais comuns, vistas apenas nas noites de verão, são um reflexo das alterações climáticas causadas pelo Homem.

Para esta investigação, os cientistas utilizaram observações por satélite e modelos climáticos para simular como o aumento de gases com efeito de estufa da queima de combustíveis fósseis contribuiu para a formação de nuvens noctilucentes nos últimos 150 anos. A extração e a queima de combustíveis fósseis fornecem dióxido de carbono, metano e vapor de água na atmosfera, todos eles gases com efeito de estufa.

Raras nuvens noctilucentes, também conhecidas como nuvens de prata, no céu noturno, numa paisagem rural fora da cidade. Estas nuvens fenomenais são constituídas por cristais de gelo e são visíveis durante o crepúsculo astronómico.

Os resultados do estudo estimam que as emissões de metano aumentaram as concentrações de vapor de água na mesosfera em cerca de 40% desde o final do século XIX, o que provocou um aumento mais do que o dobro da quantidade de gelo que se forma na mesosfera, zona da média atmosfera onde se formam as nuvens noctilucentes. Conclui-se assim, que as atividades humanas são uma das principais razões pela quais as nuvens noctilucentes são significativamente mais visíveis agora do que há século e meio atrás.

Lançamentos de foguetes para o Espaço

Por outro lado, além das alterações climáticas, segundo o Royal Museums Greenwich, alguns académicos sugerem que as alterações climáticas são responsáveis por essa mudança, bem como os lançamentos de foguetões. Os rastos de escape dos foguetões são constituídos por pequenas partículas de gelo e vapor de água, que podem contribuir para a formação de nuvens noctilucentes quando atingem a mesosfera.

Nuvens noctilucentes, nascidas a partir de visitantes cósmicos

As nuvens noctilucentes formam-se quando o ar quente e rico em humidade sobe para a atmosfera durante os meses de verão, de acordo com o site de observação de estrelas EarthSky.com. À medida que o ar sobe para a atmosfera rarefeita, expande-se e arrefece gradualmente, até ficar suficientemente frio para que se formem cristais de gelo à volta de minúsculas partículas de poeira que andam à deriva a grandes altitudes.

Algumas destas partículas de poeira podem ser os restos de inúmeros meteoros minúsculos que colidem diariamente com a atmosfera da Terra, enquanto outras nasceram de erupções vulcânicas ou poluição antes de serem transportadas para a atmosfera.

A elevada altitude das nuvens noctilucentes permite-lhes refletir a luz do Sol depois de este se ter posto abaixo do horizonte, conferindo-lhes um brilho quase etéreo contra o céu que escurece. A sua composição gelada também lhes confere um albedo relativamente elevado em comparação com as nuvens normais, o que significa que refletem uma maior proporção da luz que entra.