Cidade japonesa propõe limite diário de duas horas para uso de smartphones
A cidade japonesa de Toyoake propôs limitar o uso de smartphones a apenas duas horas diárias, incentivando hábitos digitais mais saudáveis. Saiba mais aqui!

A cidade de Toyoake, localizada na província de Aichi, no centro do Japão, causou alvoroço ao apresentar um projeto de lei não vinculativo que recomenda aos seus cerca de 69 mil habitantes limitar o uso de smartphones e outros dispositivos eletrónicos a apenas duas horas por dia, fora dos horários de trabalho ou estudo .
A proposta, idealizada pelo Presidente Masafumi Koki, tem como meta mitigar os impactos físicos e psicológicos causados pelo uso excessivo de ecrãs, especialmente problemas como a privação de sono, stress e isolamento social.
A iniciativa também visa estimular discussões nas famílias sobre hábitos digitais, propondo limites específicos: crianças do ensino básico devem evitar o uso de dispositivos após as 21h, enquanto adolescentes e adultos devem parar por volta das 22h. Caso o projeto seja aprovado na assembleia municipal em setembro, a expectativa é que entre em vigor a 1 de outubro de 2025.
É importante destacar que a proposta não prevê sanções legais ou seja, trata-se apenas de uma recomendação que funciona como um guia para reflexão e mudança de comportamento.
Reações e controvérsias
A reação foi imediata e maioritariamente negativa. Em apenas quatro dias após o anúncio, o município recebeu 83 chamadas e 44 emails, 80% deles críticos à medida.
Nas redes sociais, muitos habitantes consideraram a medida impraticável.
"Entendo a intenção, mas o limite de duas horas é impossível", "Duas horas nem dá para ler um livro ou assistir a um filme no smartphone". Foram alguns dos comentários que surgiram.
Em resposta, o presidente Koki realçou que o limite não é obrigatório e que reconhece a utilidade dos dispositivos na vida quotidiana.
Ele enfatizou que a proposta serve como um ponto de partida para que as famílias reflitam sobre o tempo e o horário de uso dos smartphones.
Uma iniciativa inédita e parte de um fenómeno o global
Caso se concretize, a proposta seria pioneira no Japão ao atingir todos os residentes, não apenas crianças ou adolescentes, incentivando uma reflexão coletiva sobre o consumo digital.
Este movimento insere-se num contexto internacional crescente, no qual diversos países adotam políticas similares. Na Coreia do Sul, por exemplo, haverá proibição de telefones nas salas de aula públicas a partir de março de 2026.

No Brasil e em Portugal, já foram implementados regimes restritivos de utilização de telemóveis nas escolas. Outros países europeus, como França, Espanha e Finlândia, também aplicaram medidas similares em ambientes escolares.
No Reino Unido, embora não haja leis nacionais, ações comunitárias incentivam que aparelhos só sejam entregues às crianças a partir dos 14 anos. Até a Austrália propôs banir redes sociais para menores de 16 anos.
Desta forma, a proposta de Toyoake reflete uma preocupação global crescente: os efeitos adversos do uso excessivo de dispositivos digitais sobre a saúde mental, qualidade do sono, desempenho académico e relações familiares.
Ainda que o conteúdo da proposta não tenha força coercitiva, ao estabelecer um padrão de “limite razoável”, ele procura despertar o senso crítico da comunidade e fomentar mudanças voluntárias de comportamento.