Coruja Cósmica: fusão rara de galáxias intriga astrónomos com formato inusitado

Descoberta de galáxias em colisão que formam figura semelhante ao rosto de uma coruja revela evento cósmico raro e fornece pistas sobre a evolução das estruturas galácticas.

Figura que se assemelha a uma cabeça de coruja intrigou astrónomos. Crédito: Divulgação
Figura que se assemelha a uma cabeça de coruja impressionou astrónomos. Crédito: Divulgação

Astrónomos identificaram uma impressionante fusão de galáxias que ganhou o apelido de “Coruja Cósmica” devido à sua aparência singular: o sistema assemelha-se a um rosto de coruja. A estrutura foi revelada através de observações realizadas com os mais modernos instrumentos de observação espacial, e os dados preliminares foram publicados no repositório científico arXiv.

O fenómeno trata-se de uma colisão entre duas galáxias, classificadas como CRGs — galáxias em anel de colisão. Este tipo raro de interação ocorre quando uma galáxia atravessa quase diretamente o disco de outra, produzindo uma formação circular em redor do centro, semelhante a um anel. Tais eventos são considerados incomuns, com apenas algumas centenas de ocorrências identificadas no Universo próximo.

O que torna a Coruja Cósmica ainda mais intrigante é o facto de se tratar de um sistema duplo de galáxias em anel. Segundo os autores do estudo, trata-se de duas galáxias “irmãs” colidindo de maneira sincronizada, um alinhamento e interação considerados extraordinários do ponto de vista astronómico.

Observações com tecnologia de ponta

A descoberta foi possível graças à combinação de dados recolhidos por três dos principais instrumentos astronómicos em operação: o Telescópio Espacial James Webb (JWST), o observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e o Very Large Array (VLA). A utilização conjunta destas ferramentas permitiu observar com alta precisão a morfologia e a composição do sistema.

“Imagens profundas e espectroscopia revelam um sistema complexo de galáxias gémeas em anel de colisão, exibindo uma morfologia quase idêntica”, escreveram os investigadores no artigo. A semelhança entre as galáxias e a forma como ambas apresentam anéis é o que cria a imagem que lembra o rosto de uma coruja, com os seus “olhos” formados pelas regiões centrais brilhantes.

O uso da espectroscopia também permitiu analisar o movimento e a distribuição de gases, fornecendo pistas sobre os processos físicos desencadeados pela colisão. Estas observações ajudam os cientistas a entender como tais interações moldam a dinâmica das galáxias ao longo do tempo.

Impacto na compreensão da evolução galáctica

Além do seu formato curioso e da raridade do fenómeno, a Coruja Cósmica fornece informações valiosas sobre a evolução galáctica. Colisões deste tipo não apenas transformam as estruturas das galáxias envolvidas, como também promovem o nascimento de novas estrelas, ao redistribuir o gás interestelar por regiões de formação estelar intensa.

Eventos de fusão como este são fundamentais para os modelos cosmológicos que explicam como o Universo evolui. Galáxias como a Via Láctea provavelmente passaram por processos similares na sua história, o que torna observações como a da Coruja Cósmica especialmente relevantes.

A expectativa é que estudos futuros sobre o sistema possam revelar ainda mais detalhes sobre este tipo de colisão rara e sobre os mecanismos que impulsionam a formação e transformação das galáxias.

Referências da notícia

Amazonas em Pauta. Coruja Cósmica: fusão rara de galáxias intriga astrônomos com formato inusitado. 2025