Vamos falar sobre a doença fantasma: a fibromialgia

A fibromialgia é incapacitante. Estima-se que entre 3% a 6% da população mundial viva com esta doença e que, a cada 10 pacientes, 9 são mulheres. Muitas vezes, esta é confundida com a síndrome da fadiga crónica.

fibromialgia
A fibromialgia provoca, além de dor, depressão, insónia, entre muitos outros sintomas.

A fibromialgia é chamada de “doença fantasma” ou "doença invisível", pois causa fortes dores generalizadas e exaustão persistente, além de uma variedade de outros sintomas que podem apresentar-se de forma diferente em cada paciente, como dores de cabeça, insónia, ansiedade e fadiga.

Dos pacientes que sofrem com esta doença, 9 em cada 10 são mulheres e apresentam idades entre os 20 e os 50 anos, embora também tenham sido detetados casos em crianças. A fibromialgia é incapacitante e estima-se que entre 3% a 6% da população mundial viva com ela.

Não se sabe exatamente o que causa a fibromialgia. Acredita-se que tenha origem neurológica, mas não está 100% comprovado. Em muitos casos, a doença pode ser confundida com a síndrome da fadiga crónica, o que complica ainda mais o diagnóstico de qualquer uma delas e o seu tratamento.

A ONG Mayo Clinic, dos Estados Unidos, explica que a fibromialgia é um distúrbio caracterizado por dores musculoesqueléticas generalizadas, fadiga e problemas no funcionamento do sistema nervoso central que afetam o sono, a memória e o humor; há até casos documentados de pacientes com sintomas significativos de ansiedade.

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A fibromialgia muitas vezes pode ser confundida com fadiga extrema.

Não há cura para a fibromialgia, mas os sintomas são tratados e a doença pode ser mais suportável. Deve ser um tratamento personalizado e multidisciplinar que inclua fisioterapia, atendimento psicológico, apoio emocional, além de tratamento farmacológico. Exercício físico, relaxamento e medidas para reduzir o stress também podem ajudar.

Martha Ayala foi diagnosticada há mais de oito anos e explica como convive com a doença:

Vou para a cama com dor e acordo com dor, mas sempre tive algo muito claro na cabeça: não vou ficar deprimida, não me vou deitar na cama e abraçá-la porque sempre disse: a protagonista da minha vida sou eu, não a dor; a dor é minha companheira e será até eu morrer, mas a protagonista da minha vida sou eu.

Os investigadores acreditam que a fibromialgia amplifica as sensações de dor, pois afeta a maneira como o cérebro e a medula espinhal processam sinais de dor e não-dor.

Segundo a Mayo Clinic, a doença surge após um evento, como um trauma físico, cirurgia, infeção ou stress psicológico significativo. Noutros casos, os sintomas acumulam-se progressivamente ao longo do tempo, sem um evento desencadeante.

A fadiga crónica

Embora compartilhem sintomas e alguns médicos possam confundir a síndrome da fadiga crónica com a fibromialgia, ambas as patologias podem manifestar-se juntas e caracterizam-se por produzir fadiga extrema.

A síndrome da fadiga crónica é considerada muito próxima da fibromialgia ou uma expressão parcial da mesma, podendo até manifestarem-se em conjunto, principalmente nos seus estágios iniciais, o que causa fadiga extrema.

A fibromialgia é reumática, ou seja, há dores musculoesqueléticas generalizadas, enquanto a fadiga crónica não é reumática e tem a ver com a presença de fadiga física e mental. A síndrome é uma doença que causa cansaço persistente e dificuldades cognitivas sem fundamento aparente, mas que interfere no dia a dia das pessoas que a sofrem.

No âmbito do Dia Mundial da Fibromialgia, as organizações internacionais decidiram dedicar um dia para sensibilizar sobre a existência desta doença, e o dia 12 de março foi escolhido em homenagem ao aniversário de Florence Nightingale, escritora e enfermeira britânica, precursora da enfermagem, que conviveu com a fibromialgia.