Teremos um mundo mais verde depois da pandemia?

Poluição e emissões de carbono caíram, mas desperdiçaremos esses ganhos se os governos não conseguirem avançar com mudanças decisivas. O que poderá acontecer? Saiba mais aqui!

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A pandemia contribui para o aumento das energias renováveis no futuro.

Segundo a AIE, Agência Internacional de Energia, a crise de Covid-19 vai acabar com a procura de combustíveis fósseis.

Consequências da pandemia no setor energético

Os esforços globais para impedir a disseminação do Covid-19 levaram a severas restrições às viagens e à economia global, que estão a causar a maior queda na procura global de petróleo em 25 anos. A procura por gás deverá cair 5%, após uma década de crescimento ininterrupto. É a queda mais acentuada desde que o gás se tornou amplamente usado como fonte de energia na segunda metade do século anterior.

Prevê-se que a procura por carvão caia 8% em comparação com 2019, ano em que ocorreu o maior declínio desde o final da Segunda Guerra Mundial. A indústria global de carvão "nunca se recuperará" da pandemia de Covid-19, prevêem observadores da indústria, porque a crise provou que a energia renovável é mais barata para os consumidores e uma aposta mais segura para os investidores.

Com a queda da procura de eletricidade, muitas empresas de serviços públicos reduziram primeiro o carvão, porque é mais caro que o gás, o vento e a energia solar. Na União Europeia, as importações de carvão para centrais térmicas diminuíram quase dois terços nos últimos meses, atingindo níveis nunca vistos em 30 anos. As consequências também foram sentidas em todo o mundo.

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Algumas centrais térmicas serão encerradas em alguns países.

O impacto do coronavírus desencadeou uma crise nas commodities de combustíveis fósseis, incluindo o colapso dos preços do mercado de petróleo, que se tornou negativo pela primeira vez nos EUA no início deste mês. Nesta semana, um novo relatório da “Energy Information Administration” dos Estados Unidos projetou que os EUA produziriam pela primeira vez mais eletricidade este ano a partir de fontes renováveis do que de carvão.

Rob Jackson, presidente do “Global Carbon Project”, referiu que a pandemia provavelmente confirmará que o carvão nunca mais atingirá o pico global visto em 2013.

“O Covid-19 reduzirá tanto as emissões de carvão este ano que a indústria nunca se recuperará. A queda nos preços do gás natural, energia solar e eólica é preço recorde, e as preocupações com o clima e a saúde minaram a indústria permanentemente.”

No Reino Unido, até ao dia 15 de maio, a rede nacional do país não queimava um único pedaço de carvão há 35 dias, o período mais longo e ininterrupto desde o início da revolução industrial, há mais de 230 anos. Em Portugal, a corrida recorde sem carvão estendeu-se por quase dois meses, informou recentemente o grupo de campanha Europe Beyond Coal.

Mais energia renovável no futuro

Durante o bloqueio acelerou-se uma mudança de longo prazo dos combustíveis fósseis sujos, antecipando o encerramento de centrais térmicas em vários países e fornecendo novas evidências de que o uso de carvão pode finalmente ter atingido o pico após mais de 200 anos.Isto torna menos provável a pior das hipóteses dos cenários climáticos, visto que eles se baseiam na expansão contínua do carvão durante todo o século.

A eletricidade renovável será a única fonte resiliente ao maior choque global de energia em 70 anos, desencadeado pela pandemia de coronavírus, segundo a Agência Internacional de Energia.

Ainda é muito cedo para determinar os impactos a longo prazo, disse Fatih Birol

Prevê-se que a energia renovável cresça 5% este ano, para compensar quase 30% da cada vez menor procura mundial de eletricidade. O crescimento das energias renováveis, apesar da crise global, pode levar as empresas de combustíveis fósseis a atingir objetivos de gerar mais energia limpa, segundo o diretor executivo da AIE, Fatih Birol, mas os governos também devem incluir energia limpa nos pacotes de estímulos económicos para garantir uma recuperação verde.

"Mas o setor de energia que emerge desta crise será significativamente diferente daquele que veio antes", Fatih Birol disse.