Solstício de verão: vem aí o dia mais longo do ano!

O início do verão astronómico no hemisfério norte acontecerá na próxima quarta-feira, 21 de junho. É um momento celebrado há vários séculos. Saiba o que significa solstício, quando se produzirá em Portugal e outras curiosidades!

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O solstício de verão dá início oficialmente ao verão astronómico. Em que é que este se distingue do climatológico e o que significa, etimologicamente, solstício?

Durante 365 dias o planeta Terra efetua uma viagem em redor do Sol (movimento de translação) dando origem à variação sazonal climática uma vez que a trajetória elíptica e o eixo vertical inclinado do planeta relativamente ao plano do Sistema Solar, resultam na luz solar a atingir a superfície terrestre em ângulos diferentes.

O que é o verão astronómico e quando começa?

Diferentemente do verão climatológico, que se prolonga entre 1 de junho e 31 de agosto e que se baseia, convencionalmente, no ciclo anual de temperatura e precipitação, o verão astronómico tem em conta a posição da Terra em relação ao Sol e começa quando se produz o instante do solstício de verão. E, por isso, embora tenham um nome parecido, não significam o mesmo já que uma das designações diz respeito à Climatologia (Ciência que estuda o Clima) e outra à Astronomia (Ciência que estuda os Astros).

Em 2023, o solstício de verão terá lugar na quarta-feira, 21 de junho às 15:57 (hora de Portugal continental e Madeira, às 14:57 nos Açores), e a partir desse instante terá início a estação estival, do ponto de vista astronómico no hemisfério norte. O verão é a época mais quente do ano - apesar da Terra estar mais longe do sol quando ocorrer o afélio a 5 de julho às 21:06 e aquela em que se recebe mais incidência de luz solar.

Em Portugal continental e Madeira o instante do solstício de verão ocorrerá a 21 de junho de 2023 às 15:57 e será o dia mais longo do ano no nosso país e em todo o hemisfério norte. Nos Açores ocorrerá às 14:57.

No dia do solstício o sol estará o mais erguido possível no céu, produzindo o dia mais longo do ano. A partir desse instante, os dias começam a reduzir gradualmente, embora a um ritmo quase impercetível (até estarmos mais perto do outono). O verão prolongar-se-á por 94 dias até ao próximo equinócio - o de outono - a 23 de setembro de 2023.

Porque é que isto acontece? A Terra e o Sol vão estar numa posição na qual os raios solares irão incidir perpendicularmente no Trópico de Câncer, o que deixa a energia mais concentrada, e com o Pólo Norte inclinado cerca de 23º na direção do Sol em relação ao círculo de iluminação. Assim, os dias ficarão mais longos (mais incidência de luz solar), o que se traduz na probabilidade de temperaturas mais elevadas.

O que é o solstício de verão?

O solstício de verão acontece quando o Sol alcança a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador. A partir daqui arranca oficialmente o verão do ponto de vista astronómico!

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E a Astronomia diz-nos que, devido ao movimento que a Terra executa em torno do Sol (o já mencionado movimento de translação), e também da inclinação do eixo de rotação da Terra (a volta que o planeta executa em torno do próprio eixo, demorando 24 horas a executar este movimento e permitindo aos terráqueos o dia e a noite), os dias tornam-se mais longos que as noites a partir do momento do solstício de verão.

Relativamente à etimologia de "solstício", esta palavra tem origem no latim e é composta pela junção das palavras sol e sistere (que não se mexe). Este termo alude ao facto de que, visto desde a Terra, o Sol oferece a impressão de estar parado, mantendo uma posição fixa quando nasce e quando se põe, algo que acontece durante algum tempo.

Solstício de verão: a magia de um momento repleto de significado para a Humanidade

O Homem sempre procurou explicações para os fenómenos naturais, por vezes trágicos, que acontecem na Terra, e, desde a Antiguidade, que proliferam contos, histórias e lendas em torno do desconhecido.

A importância do Sol é inegável! Pensa-se que os inventores do relógio de sol, um mecanismo que serve para apurar a hora do dia utilizando como referência a posição do sol, foram os egípcios dado que o mais antigo relógio de sol, encontrado por arqueólogos em obeliscos, é egípcio e data de 3500 a.C. Os relógios de sombra (1500 a.C.), utilizados pelos astrónomos da Babilónia também são dos mais antigos jamais encontrados.

A incontornável importância do calor e da luz oferecida pelo Sol para a agricultura e para o estado psicológico e emocional humano, percebida desde os primórdios da Humanidade pelos nossos antepassados, fez com que os povos antigos acreditassem nas energias especiais emanadas durante os solstícios, associadas aos campos e colheitas em flor.

Em junho, mês do solstício de verão (pelo menos no H.N), os cultos à fertilidade abundavam e as celebrações multiplicavam-se - reflexo cultural do período de maior vivacidade do ano.

Em meados do século X, na Europa, a Igreja decidiu cristianizar as celebrações, estabelecendo dias de homenagem aos Santos Populares a 13, 24 e 29, respetivamente, Santo António, São João e São Pedro, difundindo a conotação festiva da época.

A civilização Maia ou povos como os Celtas, Egípcios e Romanos criaram rituais pagãos de homenagem à natureza, em antecipação à desejada prosperidade para os meses seguintes, com inúmeros dias de festa, dança, música, alegria e abundância de comida.