Será 2023 o ano do regresso de El Niño? As consequências deste fenómeno

Após três anos consecutivos com ocorrência de La Niña, as primeiras previsões sugerem que o El Niño regressará em 2023. Saiba mais aqui!

Oceano Pacífico; El Niño
As águas superficiais da região tropical oriental do Oceano Pacífico irão passar a uma “fase quente” (El Niño), depois de uma “fase fria” prolongada nos últimos 3 anos (La Niña).

A situação prolongada do fenómeno La Niña que se tem mantido nos últimos anos é uma situação invulgar, mas que possivelmente irá mudar durante este ano, com implicações na temperatura global.

La Niña e El Niño

El Niño é um padrão climático que descreve o aquecimento invulgar das águas de superfície no Oceano Pacífico tropical oriental. El Niño é a "fase quente" de um fenómeno maior chamado El Niño-Southern Oscillation (ENSO). La Niña, a "fase fria" da ENSO, é um padrão que descreve o arrefecimento invulgar das águas de superfície da região. El Niño e La Niña são considerados a parte oceânica da ENSO, enquanto que a “Southern Oscillation” tem a ver com as alterações atmosféricas.

El Niño-Southern Oscillation tem um impacto na temperatura dos oceanos, na velocidade e força das correntes oceânicas, na pesca costeira e no clima local desde a Austrália até à América do Sul e mais além. Os eventos do El Niño ocorrem de forma irregular a intervalos de dois a sete anos. Contudo, o El Niño não é um ciclo regular, ou previsível no sentido em que as marés oceânicas o são.

Regresso de El Niño

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o evento El Niño pode desenvolver-se nos próximos meses. No entanto, prevê-se que primeiro ocorrerá, com uma probabilidade de 90%, um período de condições neutras do ENSO durante o período de março a maio. A probabilidade de as condições neutras do ENSO continuarem para além de maio diminui ligeiramente, mas permanece elevada, com uma probabilidade de 80% no período de abril a junho, e 60% de maio a julho.

Com base nas previsões de modelos, as hipóteses de desenvolvimento do El Niño, embora baixas no primeiro semestre do ano, 15% de abril a junho, aumentam gradualmente para 35% no período de maio a julho. As previsões de longo prazo para junho-agosto indicam uma probabilidade muito maior, 55%, de desenvolvimento do El Niño, mas estão sujeitas a elevada incerteza associada às previsões desta época do ano.

Segundo o Secretário-Geral da OMM, Prof. Petteri Taalas, o efeito de arrefecimento de La Niña colocou um travão temporário à subida da temperatura global, embora o período dos últimos oito anos tenha sido o mais quente de que há registo. "Se entrarmos agora numa fase de El Niño, é provável que isto alimente outro pico na temperatura global", afirmou Taalas.

De acordo com um estudo realizado no ano passado pelo Serviço Meteorológico do Reino Unido (Met Office), o regresso do fenómeno climático El Niño, mais para o final deste ano, fará com que as temperaturas globais subam com ocorrência de ondas de calor sem precedentes.

Seca extrema; África
Alguns países da África Oriental sofrem a pior seca dos últimos 40 anos. Isto tem provocado fome em muitas regiões.

As primeiras previsões sugerem que o El Niño regressará mais tarde em 2023, intensificando o clima extremo em todo o globo e tornando muito provável que o mundo exceda 1,5 oC de aquecimento.

La Niña tem sido associado à seca persistente no Grande Corno de África e em grandes partes da América do Sul, bem como à precipitação acima da média no Sudeste Asiático e Australásia.

Segundo a OMM, uma nova perspetiva climática regional emitida em fevereiro advertiu que a situação catastrófica no Corno de África se agravaria ainda mais, pois prevê-se que a próxima estação chuvosa de março-maio naquela região seja pobre.